sexta-feira, 22 de agosto de 2008



22 de agosto de 2008
N° 15703 - PAULO SANT’ANA


Os parques de Pequim

O companheiro Tulio Milman, um dos enviados especiais da RBS à Olimpíada, fez uma interessante reportagem para o Jornal do Almoço: visitou os parques de Pequim.

São parques alegres e cheios de movimentação, as pessoas praticam esportes, cantam, dançam, se divertem em inúmeros jogos, lugares atraentes, apinhados de gente.

Foi aí que o Tulio Milman se lembrou de mim, quando viu que os excelentes parques de Pequim são todos cercados. E os freqüentadores pagam ingresso.

Não sou de acordo em que se pague ingresso nos parques de Porto Alegre, mas vou morrer lutando para que cerquem nossos parques.

Na China, podem olhar nas milhares de imagens de televisão que nos mandam de lá, não há mendigos. A maioria esmagadora da população chinesa é pobre, mas não há miseráveis. É uma pobreza decente, com habitação, com educação e com saúde. Uma classe média baixa daqui.

Não há assaltos na China, mandaram nos dizer nossos colegas que estão lá. A criminalidade é escassa e contida.

E, acima de tudo, não há vândalos na China. A lei penal lá é muito severa, quem assaltar ou praticar qualquer furto está com a vida desgraçada, quem depredar ou por qualquer forma danificar equipamentos de parques será preso e passará meses atrás das grades.

Pois ainda assim os parques são cercados, como o são em incontáveis cidades européias e pelo mundo todo.

Porque sabem as autoridades chinesas que os parques são depredados, mutilados, destruídos à noite. É à noite que os vândalos demolem os parques, os monumentos, a vegetação e os outros todos equipamentos dos parques.

Foi então que sugeri certa vez que cercassem os parques porto-alegrenses para fechá-los em seus portões durante à noite e abri-los oferecidos ao público e intactos durante o dia.

Mas até hoje Porto Alegre prefere ver seus parques depredados e sendo gastas fortunas para mantê-los precários.

Minha cidade tristemente não atendeu ao meu apelo.

Como acontece com todos os leitores que viajam ao estrangeiro e têm sua atenção chamada para os parques cercados, depois me enviam mensagens relatando este fato, o Tulio Milman viu os parques pequineses cercados e se lembrou de mim.

E ainda me fez uma homenagem honrosa: pegou vários freqüentadores de um parque de Pequim e ensinou-os a pronunciar meu nome.

Foi delicioso ouvir no Jornal do Almoço o coro de chineses: “Pôlo Santana, Pôlo Santana, Pôlo Santana!”.

Falar em cerca, me disseram que foi decidido o cercamento do prédio do Instituto de Educação General Flores da Cunha, situado dentro do Parque Farroupilha.

Foram dezenas de anos com o colégio sendo depredado, oferecido ao vandalismo. Agora será cercado e se tornará mais seguro e se poderá investir em melhoramentos com sucesso.

Já há inúmeras igrejas cercadas no Rio Grande do Sul. Porque, se é invencível a horda de vândalos que sai à noite para destruir, forçoso que se construam cidadelas de proteção para animar os que querem viver em paz e em desenvolvimento e manutenção de seus prédios, de seus jardins, de suas instalações.

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