Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
21 de agosto de 2008
N° 15702 - LF VERISSIMO
Lembrando Caymmi
Lembrança remotíssima do Dorival Caymmi: ele na nossa casa. Naquela época, pré-televisão, pré-cadeias de rádio, os artistas viajavam e faziam programas nas rádios locais. Ele foi nos visitar depois de um programa numa rádio de Porto Alegre.
Levou o violão e cantou. Lembro de alguém que o tinha ouvido no rádio comentar: ele tem a cara da voz. Aquela cara não podia ter outra voz, aquela voz não podia ter outra cara. Nunca ouvi voz parecida – até conhecer outro baiano, o João Ubaldo Ribeiro.
A voz do João Ubaldo é plágio da voz do Caymmi. Agora o João Ubaldo tem um dever para com a nação: falar, falar mais do que fala, e até cantar de vez em quando, pra gente ter a ilusão de que ainda é o Caymmi.
Lembrança não tão remota (só 44 anos) do Dorival Caymmi: Lucia e eu num sítio em Araras emprestado ao jovem casal para sua lua-de-mel pelo escritor Vianna Moog. Na eletrola, durante toda a nossa estada, rodou um long-play do Caymmi.
Faixa mais repetida: Dora. A rainha do frevo e do maracatu. Que contém uma daquelas frases musicais do compositor guardadas no arquivo especial das grandes frases musicais que cada um tem no peito. Para muitos o trecho definitivo do Caymmi é o “ah insensato coração, por que me fizeste sofrer”, da Só Louco.
Para outros é o “e assim adormece esse homem”, de João Valentão. Pra mim a frase musical declaratória sem igual do Caymmi é “os clarins da banda militar, tocam para anunciar, que a dona Dora agora vai passar...”
Nos nossos poucos dias no sítio de Araras, os clarins não pararam de tocar e a dona Dora não parou de passar.
Essa questão de julgar ou não os crimes dos anos ruins que agita os militares e divide o governo é, no fundo, uma briga pela nossa História. A quem pertence a História daqueles anos?
Quem tem a exclusividade de interpretá-la e o poder de dizer o que aconteceu e o que não aconteceu, ou o que convém e não convém lembrar? Nem a velha sentença cínica de que a História é sempre a versão dos vencedores cabe.
No fim, quem venceu não foi o arbítrio, foi a democracia, mas a versão democrática da História daqueles anos ainda está para ser escrita. É boicotada por quem devolveu o país aos seus donos mas ainda pretende mandar na sua memória.
(Da série “Poesia numa hora destas?!”)
Abri a velha gaveta . com meus poemas guardados. – anos de amor rimado
e odes ao espírito alado. – e descobri, abismado. que tinha tudo azedado!
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