sábado, 30 de agosto de 2008



30 de agosto de 2008
N° 15711 - PAULO SANT’ANA


Como andamos carregados!

Existia há muito tempo esta expressão: “Como eu ando carregado!”. Queria dizer “como eu ando azarado”.

Era uma forma de os brasileiros lamentarem a sua falta de sorte.

Muitas vezes me passa pela cabeça o quanto eu ando carregado. Uma das vezes é quando leio no noticiário que nós, brasileiros, pagamos o preço mais alto do mundo pela gasolina.

Quer dizer, existem uns 300 países no mundo e o povo entre eles que paga mais pela gasolina no planeta é o brasileiro.

Então eu me pergunto: por que cargas d’água eu fui nascer logo no país que paga pela gasolina o preço mais caro do mundo?

Eu poderia ter nascido, por exemplo, na Argentina, estaria pagando hoje metade do que pago aqui no Brasil pela gasolina.

Se eu tivesse nascido na Venezuela, pagaria pelo preço da gasolina oito vezes menos do que pago atualmente no Brasil.

E não é questão de câmbio, não. Em qualquer moeda os argentinos pagam pela gasolina metade do preço brasileiro e os venezuelanos pagam oito vezes menos do que nós pelos combustíveis.

Repetindo, penso comigo: por que fui nascer logo no país que cobra pela gasolina o preço mais alto do planeta?

Exatamente porque eu sou muito carregado.

Agora mesmo, foram descobertas reservas abundantes de petróleo na costa entre o Espírito Santo e Santa Catarina que, ao que dizem, vão tornar o Brasil um país muito rico.

O presidente Lula já fez um discurso esses dias tencionando saber o que faremos com esta fortuna colossal das reservas de petróleo da camada pré-sal, a milhares de metros abaixo da superfície do solo, que foram encontradas no Brasil.

O presidente Lula está preocupado em destinar esses recursos fabulosos que o Brasil vai ganhar com o pré-sal na educação dos brasileiros e outras finalidades sociais.

Então eu já estou assegurado de que, com o que o Brasil vai ganhar no pré-sal, nós, brasileiros, que pagamos pela gasolina o preço mais alto do mundo, vamos continuar pagando a gasolina mais cara do mundo.

Ou seja, os consumidores brasileiros de combustíveis não terão qualquer vantagem no preço dos combustíveis com a descoberta e a exploração de petróleo na camada pré-sal.

Como não tivemos nenhuma vantagem no preço da gasolina quando foi anunciado estrepitosamente que o Brasil se tornara, poucos anos atrás, auto-suficiente em petróleo.

Para nós, brasileiros, que pagamos o preço mais alto do mundo pelos combustíveis, nenhuma vantagem. Pelo contrário, continuamos pregados na cruz do preço mais alto do mundo, que não atinge somente a todos nós, atinge a toda a economia brasileira, isto é, se pagássemos mais barato pelos combustíveis, imaginem o progresso e o desenvolvimento que isso acarretaria, teríamos um impulso extraordinário em nossas vidas e no país.

Então eu chego à conclusão: como nós andamos carregados!

Que sina a nossa, somos auto-suficientes em petróleo e nos castigam com o a gasolina mais cara do mundo. Não é uma carga, uma tremenda falta de sorte?

Assim também com os pedágios. Por que, meu Deus, nós, gaúchos, temos o azar de pagar o pedágio mais caro do Brasil em nossas estradas? Por quê?

Em determinado percurso das estradas gaúchas, só para comparar, pagamos R$ 26 de pedágio. Em percurso semelhante, em estradas argentinas, os motoristas pagam R$ 5!

Por que esta diferença? Por que a gasolina mais cara do mundo somos nós, brasileiros, que pagamos? E o pedágio mais caro do Brasil somos nós, gaúchos, que pagamos?

Mas nós não andamos mesmo carregados? Que sina, por que isto só acontece para cima de nós?

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