sábado, 23 de agosto de 2008



23 de agosto de 2008
N° 15704 - PAULO SANT’ANA


Líder amedrontado

Eu considero histórica esta liderança do Grêmio no Campeonato Nacional.

Porque ela pode levar ao título nacional.

E, se por acaso o Grêmio não for o campeão, todos recordarão para sempre essa façanha fracassada e a terão como uma lição.

Depois da derrota de anteontem para o Flamengo, muitos gremistas me disseram: “O Grêmio perdeu na hora certa de perder, tinha cinco pontos à frente do Cruzeiro”.

E eu retruquei: “Nada disso, a hora era certa para vencer e não para perder”.

Acontece que, se o Grêmio tivesse vencido, se tornaria favoritaço para ser o campeão, distanciar-se-ia oito pontos do segundo colocado, seria meio título conquistado.

Foi a hora errada de perder. A derrota foi por salto alto dos jogadores e de Celso Roth.

Alguém teve a idéia de dizer aos jogadores que o empate seria um grande resultado. Desastrada idéia.

Porque na maioria das vezes o empate como objetivo fixado antes do jogo leva à derrota.

E o que aconteceu: todos levamos um choque quando começou o jogo contra o Flamengo, o Grêmio se plantou na defesa. E jogou o pior primeiro tempo de sua trajetória neste campeonato.

O Grêmio valente e ofensivo de todo este Brasileirão mostrou-se como um cordeirinho.

Celso Roth percebeu no intervalo que tinha errado. E só então, depois que levou o gol no frango do Vitor resolveu tornar o time mais ambicioso e ofensivo.

Mas já era tarde.

A tese errada e infeliz que levou o Grêmio à derrota foi a da “gordura”.

Tinha gordura de cinco pontos à frente do Cruzeiro. Empatar significava ficar com seis pontos à frente. E jogou para empatar. Um desastre de estratégia.

E Celso Roth tinha gordura suficiente até anteontem para ser considerado ofensivista.

Então arriscou uma recaída como defensivista. Pura recaída.

Deu no que deu, uma minitragédia.

Não tinha nada que gastar gordura. Não tinha nada de jogar pelo empate. Ia perder.

Tinha de jogar pela vitória como jogou em todo o campeonato. E se jogasse pela vitória, aí, sim, obteria um empate consagrador.

Deve nos servir de lição essa recaída de retranca. O Grêmio perdeu a oportunidade estupenda de disparar na liderança.

Quando tiver outra chance dessas, que não se retranque nunca mais. É da essência estratego-psico-filosófica que quem joga para empatar perde. E quem joga para vencer empata ou vence.

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