domingo, 3 de agosto de 2008



03 de agosto de 2008
N° 15682 - DAVID COIMBRA


Coisinhas chinesas

Vou para a China neste domingão. Já li sobre aquilo de os chineses cuspirem na rua e tudo mais. É porque os chineses acreditam que a pessoa não deve guardar nada que precise expelir do corpo.

Então, um chinês pode estar em público, pode estar na solenidade mais pomposa e grave, que, se sentir vontade, arrota, cospe ou emite flatos. Muito arriscado viajar num avião com chineses ou embarcar com eles no elevador.

Os chineses também não fazem fila, sabia? Nem dão lugar para os mais velhos nos ônibus ou ajudam as velhinhas a atravessar a rua. Eles acreditam que esse tipo de cortesia é sinal de fraqueza.

Também têm problemas com o inglês, mesmo nos hotéis. Uma jornalista brasileira que foi a Pequim para um congresso hospedou-se num hotel do lado Oeste da cidade.

Essa região é pouco freqüentada por estrangeiros, quase todos os hóspedes dos hotéis são chineses. Ao chegar à portaria depois de um dia de trabalho, ela perguntou se havia alguma mensagem a sua espera.

– Mensagem no seu quarto, senhora – foi o que ela entendeu ter lhe dito o atendente.

Muito bem. A moça subiu ao apartamento, foi até o telefone, mas, ué?, cadê a mensagem? Apertou em todos os botões, revirou o telefone, tirou-o da tomada, nada de mensagem.

Estava coçando a cabeça, quando bateram à porta. Pensou: deve ser o mensageiro! Nã, nã. Era uma chinesa de uniforme branco, com uma mesa de massagem dobrada debaixo do braço. A brasileira deu um tapa na testa:

– Eles confundiram mensagem com massagem!

Ligou de novo para a recepção: – Meu senhor, eu não disse massagem! Disse men-sa-gem! Do you understaaaand??? Não é esse tipo de massagem que quero!

– Oié! – respondeu o chinês. – No problem!

E garantiu que já ia resolver a questão. Cinco minutos depois, bateram à porta de novo. Ela foi atender, aliviada, e, ao abrir a porta, deparou com um chinesão bem vestido, sorrindo de lado, erguendo as sobrancelhas. Com um milhão de patos laqueados, mandaram-lhe um chinês de programa!

– Um prostituto! – exclamou. E, escandindo bem as sílabas, frisou: – Eu não quero um homem! Eu não quero um homem!

Mandou o sujeito embora. É claro que, minutos depois, quem lhe bateu à porta foi uma chinesa em trajes sumários, fazendo biquinho.

A jornalista despediu a chinesa, fechou a porta e decidiu ficar longe do telefone enquanto estivesse no Oriente Longínquo.

Essas historinhas chinesas são contadas pela repórter Sônia Bridi em seu livro Laowai, lançado recentemente pela editora Letras Brasileiras, de Floripa. Sônia viveu dois anos em Pequim, rodou pela China inteira, deu um pulo na Índia, outro em Cingapura, mais um no Vietnã.

Escreveu um livro sincero, cheio de informações interessantes, muito útil para quem quer conhecer um pouco do Império do Meio. Laowai, aliás, significa “estrangeiro”, em chinês. O que serei, a partir desta semana.

Valdomiro, o maior

Escrevi que Valdomiro foi o jogador mais importante da história do Inter. Da nossa Criciúma, ele me escreveu o seguinte:

“Tudo bem, David? Espero que esteja bem de saúde. Todo o domingo dou uma lida na tua coluna da Zero Hora, o nosso jornal aqui em casa. O Ballvé foi um dos maiores presidentes que o Internacional teve.

David, meu caro amigo, eu sofri muito para chegar neste ponto de alegria no Internacional. Foram 13 anos vestindo a camisa do clube.

Você sabe, fui octacampeão gaúcho 1969 a 76, e mais duas vezes campeão em 1978 e 1982, também fui bicampeão brasileiro em 1975 e 76 e campeão brasileiro invicto em 1979. Sou o jogador que mais jogou no Internacional, 815 partidas, com 58 gols no Campeonato Brasileiro e 100 gols no Beira-Rio.

Ganhei a Bola de Prata da revista Placar como melhor jogador da posição de ponteiro-direito, sou gaúcho honorário e tenho duas placas no Beira-Rio. Fui convocado para Seleção Brasileira 40 vezes e disputei a Copa do Mundo de 1974.

Fico muito feliz por você lembrar de mim e fico muito contente por tudo que o futebol me deu. Agradeço por tudo ao povo do Rio Grande do Sul e a todos os meus fãs e amigos.

Um abraço, Valdomiro Vaz Franco.”

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