sexta-feira, 7 de março de 2008


CLÓVIS ROSSI

Os sem-oportunidades

MADRI - Patrick O'Callaghan, brasileiro que vive há cinco anos na Espanha, onde trabalha na Bosch, escreve para reclamar do texto sobre os dois jovens brasileiros retidos no aeroporto de Barajas.

A tese dele é a seguinte: "A polícia de imigração está barrando os brasileiros devido ao aumento de 400% no número de imigrantes brasileiros nos últimos quatro anos.

Além disso, houve detenções de máfias russas e ucranianas que exploravam brasileiras no mercado sexual. Outro tema importante: foi descoberta uma máfia brasileira em Madri que vendia RGs portugueses falsos".

Depois, emenda com outros casos envolvendo brasileiros. O'Callaghan esclarece que não concorda com as práticas aleatórias da imigração espanhola e conta que teve amigos que vinham visitá-lo e foram barrados "sem nenhuma explicação".

Mas acha que é obrigação do jornalismo "mostrar ambos lados da moeda", no caso as práticas arbitrárias e aleatórias e as supostas razões de fundo para visar especialmente brasileiros.

De acordo, Patrick. Mas tenho dúvidas se o fato de haver brasileiros envolvidos em crimes e em prostituição (de fato é grande o número de garotas de programa brasileiras na Espanha) é realmente o que leva os policiais a perseguir especialmente brasileiros.

Tenho circunstancialmente cruzado com a diáspora brasileira em vários países -e em todos, não apenas na Espanha, há queixas de perseguição pelo fato de ser brasileira.

Suspeito que o verdadeiro problema está no aumento (de 400%, segundo ele) no número de imigrantes. Quanto mais gente vem em busca do paraíso, suposto ou real, maior a reação, que não se justifica. Mas pode ser uma explicação.

O que não se explica é por que tanta gente está fugindo de um país que sempre foi tido como terra de oportunidades.

crossi@uol.com.br

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