quarta-feira, 12 de março de 2008



12 de março de 2008
N° 15538 - Sergio Faraco


O gurk mongólico

Como o meu endereço aparece aí em cima, diariamente recebo dezenas de edificantes mensagens. Na opinião de alguns samaritanos, por exemplo, minha potência sexual excursiona pelo País das Sombras e preciso de Viagra, que me oferecem a preços nunca vistos.

Na opinião de outros, meu caso é de pênis nascido, criado e educado em Lilipute: com um pequeno capital, essa capitis diminutio será remediada e poderei dispor de um apêndice intercrural capaz de contentar até a Mulher-Gorila.

Edificantes, sim, mas cadê a coerência? De que adianta encompridar a Torre de Pisa, se eles mesmos garantem que ela está cada vez mais inclinada?

São peixeiros tentando vender seu peixe.

Outro caso é o do pilantra que tenta incrustar um espião em teu computador para descobrir tua conta-corrente e tua senha, em regra usando o nome da Caixa ou do Bradesco. Nada que preocupe.

A ladroagem brasiliana de todos os calibres, além de ser endêmica, é a instituição que nos garante a sobrevivência. Se um dia degredarem todos os que roubam, o país vai virar um deserto e os honestos morrerão de sede: os últimos degredados vão roubar os cáctus.

Preocupa-me, sim, outra raça de pirata eletrônico, aquele que te envia um mail com o único propósito de inutilizar teu computador.

Como entender o hemisfério cerebral do gajo que se esmera em lesar alguém, sem que de tal lesão lhe resulte benefício algum? Se não é peixeiro nem pilantra, que nome se lhe pode dar? Eis um mistério.

E são milhões, não são? Ao trote gratuito pelo computador, soma-se o sem-número de ligações falsas para nossos telefones de utilidade pública, com prejuízo certo para o Estado e, sobretudo, para quem deles necessita.

Se aqui não tem nome, na Mongólia tem. Eis um país moderno, cujas leis se harmonizam com o superior estágio de seu desenvolvimento.

Na Mongólia, segundo relatório da ONU, há duas espécies de cretinismo.

O patológico, mórbido, decorrente do mau funcionamento da glândula tireóide, e o profano ou civil, que, por não decorrer do perfeito processo de socialização entre os mongóis, só pode ser entendido como uma opção individual.

O cretino patológico, mórbido, é internado às expensas do Estado, ponto. Já o profano ou civil é obrigado a usar socialmente a galhadura do cervo com um dístico, GURK, que em mongol tem duas acepções: o que ele é e a outra sugerida pelo adereço.

A legislação mongólica parte do pressuposto de que o cretino profano ou civil jamais será amado por uma mulher e que, portanto, tem todos os requisitos para ser aquilo.

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