Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 1 de março de 2008
02 de março de 2008
N° 15527 - Paulo Sant'ana
O Restaurante do Lobo
Dirigi-me, como faço sempre que vou a Jurerê, à praia vizinha, a do Forte, onde sempre me sento no Restaurante do Lobo, um boteco muito bem engendrado, na beira da praia, a gente senta para pedir comida e bebida com a água do mar quase atingindo os nossos pés, depois de passar por rochedos deslumbrantes.
Quando soube que eu lá estava, o proprietário, pescador chamado Lobo, homem que viveu muito tempo aqui no RS, veio me atender.
Perguntei-lhe que pastel podia comer. Ele me disse que o seu pastel de camarão era o melhor da Ilha de Florianópolis.
Pedi então um pastel de camarão.
Enquanto eu esperava o pastel de camarão, o dono do restaurante, com toda a sua experiência de mais de 40 anos de mar, me perguntou se eu sabia como se criava, se formava o marisco. Eu disse que o marisco crescia na praia.
Ledo engano, ele me disse que o marisco se cria no oceano. São larvas que nascem no mar e se dirigem para as pedras da praia.
Enquanto isso, falava o pescador, cria-se uma crosta nas pedras e nos rochedos. E em cima da crosta se cria uma camada de limo. E o limo atrai as larvas, que se grudam nele e viram mariscos, depois de meses.
A água da rebentação do mar se joga sobre os cachos de mariscos já criados no limo e espalha os mariscos pelo mar. E com a ressaca do mar, muitos deles vão dar na praia.
É assim que fiquei sabendo como se formam os mariscos.
Tinham se passado 20 minutos do relato do pescador Lobo e não chegara ainda o pastel pedido por mim.
Lobo começou a me contar então um fato animal que eu não conhecia. Disse-me ele:
- Aqui na Praia do Forte, num casebre, uma cadela deu à luz seis filhotes. Ela estava abandonada pelo dono e restou faminta. Conforme ia aumentando sua fome, ela devorava um dos seus filhotes. Foi comendo os seus seis filhotes um a um.
Eu e as outras pessoas que ouvimos aquilo ficamos estupefatos. Foi então que o Lobo discorreu mais sobre antropofagia animal, ou melhor, sobre a autofagia.
- Veja, seu SantAna, o caso do largato (ele disse assim mesmo: largato).
- Lagarto, seu lobo - corrigi-lhe eu.
- O senhor quer fazer o favor de não mudar o jeito que falo há 40 anos?
- Prossiga, seu Lobo.
- O largato come o próprio rabo. Depois nasce outro rabo nele, mas ele come a própria cola quando está com fome.
- Não diga, seu Lobo!
- Digo-lhe mais, seu SantAna, veja o caso do hâmster, aquele bichinho do tipo do rato. Quando ele está com fome e não tem mais filhotes para comer, ele começa comendo os dedos de suas patas, depois come as suas próprias patas, vai devorando até suas pernas e só pára quando morre de hemorragia.
Fiquei incrédulo, paralisado. Como aquele pescador e dono de bar sabia sobre a vida animal, assunto que me apaixona!
Sempre que vou ao Restaurante do Lobo fico fascinado com as coisas que ele me conta. Só que ele gastou 50 minutos para me contar as duas ou três histórias e nada do pastel.
O meu pastel de camarão só chegou à minha mesa quando bateram 55 minutos desde o meu pedido.
Então eu disse ao Lobo: "Agora vou provar se este é mesmo o melhor pastel de camarão de Florianópolis. Mas de uma coisa eu já tenho certeza: é o pastel mais demorado, não da Ilha, mas do mundo".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário