Jair Bolsonaro, Forças Armadas e o tiro no pé
Não precisa usar farda e nem ser especialistas em armamentos para concluir que a troca de comando no Ministério das Forças Armadas, realizada na segunda-feira por Jair Bolsonaro, foi um tiro no pé. A crise deflagrada com as demissões dos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica era um desdobramento previsível, mas nem por isso menos preocupante.
Tentar, com movimento brusco e errático de troca ministerial, garantir apoio militar para um governo, cheira a chavismo. E, no Brasil de hoje, não funciona. A reação foi um recado claro, que contraria o falso entendimento de que as Forças Armadas apoiariam integralmente o presidente. Nunca foi assim. A cúpula da instituição preza pelo resguardo do seu papel de Estado, que é incompatível com militância ideológica.
Basta olhar para o comportamento das Forçar Armadas desde a redemocratização. Durante mais de 12 anos, os militares brasileiros conviveram com governos petistas, tendo Lula e Dilma Rousseff como comandantes supremos, de acordo com a Constituição. Nenhuma crise grave foi registrada, tampouco manifestações públicas de apoio ou de repúdio. E até o mastro da bandeira da Praça dos Três Poderes sabe que o vermelho do PT não é a cor favorita de quem veste verde-oliva.
Resta agora aguardar e torcer para que os desdobramentos de mais um movimento afoito de Bolsonaro não descambem em crise grave. As Forçar Armadas têm demonstrado maturidade e senso democrático. Tomara que Bolsonaro faça, enfim, o mesmo.
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