Seis trocas e novas interrogações
Pressionado pelo centrão, o presidente Jair Bolsonaro demitiu, enfim, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e aproveitou para mover outras peças no tabuleiro do ministério. Araújo foi substituído pelo diplomata Carlos Alberto Franco França, cuja credencial mais vistosa é ser um homem discreto e gentil. "Normal", na definição de aliados que já não suportavam os maus modos de Araújo.
Bolsonaro aproveitou a onda e mandou para o Vale dos Caídos o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que não quis lhe entregar a cabeça do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, nem deu guarida a seus planos de usar as Forças Armadas para derrubar restrições impostas pelos governadores na pandemia. Na breve carta de despedida, Azevedo e Silva escreveu: "Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado".
Visto que as Forças Armadas são instituições de Estado, pode-se deduzir nas entrelinhas que o ex-ministro da Defesa preservou o Exército, a Marinha e a Aeronáutica de aventuras que não encontram guarida na Constituição. Ao longo do dia, especulou-se que os chefes das Forças Armadas pediriam para sair, mas até as 21h o Alto Comando não havia formalizado a debandada.
A saída de uma peça-chave do tabuleiro provocou uma dança de cadeiras que envolveu três postos no governo, mas nem assim sobrou cargo para o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Com a indicação do general Walter Braga Netto para a Defesa, foi preciso puxar outro general, Luiz Eduardo Ramos, para a Casa Civil.
O mesmo centrão que sacudiu a árvore para derrubar Araújo e vem dando sinais de que seu apoio não é incondicional herdou a Secretaria-Geral de Governo e indicou a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) para comandar a articulação política do governo.
Em outro movimento que ainda precisa ser interpretado na plenitude, Bolsonaro rebaixou o ministro da Justiça, André Mendonça, ao cargo que ele ocupava antes, de advogado-geral da União, para preencher a lacuna aberta com a demissão de José Levi. O novo ministro da Justiça será Anderson Torres, amigo pessoal do senador Flávio Bolsonaro, delegado da Polícia Federal e até então secretário da Segurança Pública do Distrito Federal. Quem o conhece define como um delegado "linha-dura".
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