26 DE MARÇO DE 2021
+ ECONOMIA
Um navio no meio do caminho
Por esse corredor fechado da foto acima, passa 12% do comércio mundial. O navio encalhado no Canal de Suez ameaçar elevar dois preços cruciais em 2021: petróleo e frete marítimo, que no ano passado chegou a ter custo multiplicado por 15 (1.400%).
No dia do incidente, o petróleo subiu quase 6%. Apagou a metade do declínio na cotação do barril que ocorria há 13 dias. Foi o alívio de 11 a 23 de março que permitiu duas pequenas reduções nos preços da gasolina e uma no diesel nas refinarias no Brasil. Na melhor das hipóteses, a Petrobras deve frear futuras diminuições de preço até ficar claro quanto tempo o canal ficará interrompido.
Conforme a consultoria Rystad Energy, a perspectiva é de canal bloqueado por "várias semanas". Antes disso, a cotação do barril recuava diante dos lockdowns na Europa que devem se estender ao menos até a Páscoa. Mas se derem certo os planos de conter o contágio com aceleração no ritmo de vacinação, lento também por lá, a pressão no preço do petróleo volta.
Outro risco é o transporte intercontinental por navio, desorganizado pelas paradas iniciais causadas pela pandemia. Ao contrário do que se esperava, até agora não conseguiu se reacomodar. O desequilíbrio provocou alta no preço para levar e trazer cargas e contribuiu para o desajuste das cadeias produtivas, que eleva o custo das empresas.
Quem acha bom ser pária virou um
Foi ligada a contagem regressiva para a mudança no Ministério das Relações Exteriores. Em sessão no Senado na noite de quarta-feira, Ernesto Araújo foi confrontado por uma dezena de senadores.
Em outubro passado, o chanceler havia dito a uma turma de futuros diplomatas, que "é bom ser pária". Agora, transformou-se em um.
Tentou se defender, inclusive assegurando que tem uma ótima relação com a China, mas teve de ouvir de um parlamentar que combina influência política com peso econômico, Tasso Jereissati (PSDB-CE):
- Com toda a humildade, faço um apelo: renuncie. O senhor não tem mais condições de continuar à frente do ministério.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) fez coro:
- O senhor faria bem ao corpo diplomático brasileiro se deixasse seu posto.
Enquanto atrapalhou negócios, Araújo foi tolerado. Nas últimas semanas, a dificuldade de estabelecer relação de confiança com parceiros estratégicos na negociação de vacinas e medicamentos, surgiram sinais até de representações diplomáticas no Brasil de que a situação é insustentável.
Para não deixar dúvida sobre o tamanho da pressão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, fez questão de reforçar ontem:
- Muito além da personificação ou do exame sobre o trabalho específico de um chanceler, o que se tem que mudar é a política externa do Brasil (leia mais na página 10).
Uma das indicações de substituto é a do gaúcho Nestor Forster, embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
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