segunda-feira, 22 de março de 2021


22 DE MARÇO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

REFORÇO NA VACINAÇÃO

Após meses de idas e vindas, inabilidades e guerras de versões, o governo federal e a Pfizer finalmente assinaram, na sexta-feira, um contrato que prevê a entrega de 100 milhões de doses para reforçar e dar ritmo ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). De acordo com o Ministério da Saúde, uma quantidade equivalente a 13,5 milhões de aplicações será entregue entre abril e junho e, o restante, até setembro. A oficialização do acordo significa, sem dúvida, esperança renovada de que o país possa acelerar a vacinação dos brasileiros e, nos próximos meses, vislumbrar chances mais palpáveis de começar a deixar a pandemia para trás. É muito bem-vinda, da mesma forma, a informação de que o governo também assinou com a Janssen, da Johnson & Johnson, compromisso para mais 16,9 milhões de doses, entre julho e novembro. Esta tem a vantagem de ser dose única, mas sequer tem pedido de uso emergencial, enquanto o fármaco da Pfizer é o único com registro definitivo emitido pela Anvisa.

A vacinação em massa é a única forma de o Brasil e o mundo debelarem definitivamente a crise sanitária. Mesmo que, no caso nacional, tenha sido um despertar tardio, já que a Pfizer ofereceu seu produto ao país pela primeira vez em meados do ano passado, estes novos contratos, somados a outros já firmados entre governo e laboratórios, são uma luz no fim do túnel do drama que já levou a vida de mais de 290 mil brasileiros. A Universidade Johns Hopkins, referência mundial em dados sobre a covid-19, mostrava na sexta-feira que o Brasil estava na 50ª posição entre os países no ranking relativo à população totalmente imunizada - somente 1,58%. Ou seja, um desempenho sofrível para a nação que é hoje o epicentro do novo coronavírus no mundo e, nos últimos dias, aproxima-se da funesta marca de 3 mil vítimas fatais diárias.

Talvez chegue o dia em que o país buscará entender melhor as razões do atraso e, se for o caso, julgar os responsáveis. É lamentável que o governo federal tenha percebido a necessidade de agilizar a aquisição de vacinas apenas após o recrudescimento da pandemia e da popularidade do presidente sofrer sério abalo. Mas o importante, a partir de agora, é garantir que as doses prometidas cheguem e que os cronogramas, a todo momento postergados, sejam enfim cumpridos. Somente após o país atingir uma cobertura próxima de 80% da população elegível será possível, por exemplo, um retorno mais seguro das atividades econômicas.

Enquanto a vacinação não tem a tração desejada, a quantidade acelerada de contágios, internações e mortes exige de cada cidadão os cuidados individuais indispensáveis para conter o aumento das novas infecções. O Rio Grande do Sul entra na quarta semana consecutiva com todo o território sob a bandeira preta, mas o retorno da cogestão permite a municípios a adoção de medidas mais brandas. Seja qual for o nível de limitação em cada cidade, está cada vez mais claro que o freio no número de novos casos está muito mais relacionado à adoção ou não de atitudes responsáveis da população - como o uso correto de máscaras e a manutenção do distanciamento - do que de decisões tomadas de cima para baixo. Em um momento de hospitais colapsados, apela-se, mais do que nunca, ao juízo de cada gaúcho.

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