segunda-feira, 8 de março de 2021


08 DE MARÇO DE 2021
INFORME ESPECIAL

Eduardo Leite, o novo Marchezan

Eduardo Leite deve estar com saudade de Nelson Marchezan. Não porque houvesse entre ambos sintonia pessoal e política, mas porque o ex-prefeito da Capital cumpria um papel que, agora, foi transferido para o governador: o papel de Geni.

Quem conhece a letra de Chico Buarque entende exatamente o que quero dizer. Enquanto Marchezan governava Porto Alegre, se transformou em alvo das pedras e dos xingamentos de um aguerrido e representativo grupo que, legitimamente, não concorda com as restrições à circulação de pessoas e à atividade comercial. Não de todos que criticam as medidas restritivas, mas, principalmente, dos setores mais ideológicos e articulados nas redes sociais.

Diferentemente de Sebastião Melo, que se elegeu prometendo "não fechar a cidade", Marchezan comprou brigas importantes para implementar e tentar manter um plano que previa lojas trancadas boa parte do tempo e o maior número possível de pessoas em casa, pelo menos até que a contaminação fosse reduzida.

Mesmo que tenhamos evoluído na compreensão de que economia e saúde caminham juntas, ainda não descobrimos como, na prática, fazer funcionar. Enquanto outros países já começam a reabrir, por aqui, discutimos se devemos fechar. É dedo em riste pra cá, chute nas canelas para lá. O vírus ama a nossa desagregação. Me chamem de Poliana, mas fico aqui imaginando se toda essa energia - governos, empresários, entidades, imprensa, trabalhadores, cidadãos - fosse usada para remar para um mesmo lado, mesmo que não fosse o lado ideal, mas que pelo menos nos afastasse do caos. Depois, quando incêndio estivesse apagado, a gente faria o acerto de contas sobre quem tem razão, que sabia antes, que avisou. Tem países que conseguiram, apesar das naturais e saudáveis divisões internas.

Por aqui, quando Marchezan saiu, a indignação e fúria, compreensíveis diante das avassaladoras dificuldades desses tempos, ficaram órfãs de um alvo. Foi só trocar as fotos dos memes e o nome estampado nas acusações, com as tradicionais derivações debochadas, que começam em "Dudu Milk" e terminam nas escaldantes chamas do inferno. Sai Marchezan, entra Leite. Com a mesma contundência. Uma baita solução caseira. Já que o vírus, o problema real, não leva desaforo para casa - leva para a UTI, desde que haja leitos. E Brasília fica longe demais do sul do mundo.

Do bem

A Gramado Parks doou um ventilador mecânico para o Hospital Arcanjo de São Miguel, em Gramado. "Somos um dos maiores empregadores da região e por isso nos sentimos na responsabilidade de colaborar com o atendimento da população local em um momento tão difícil", declarou Christian Dunnwald, sócio-diretor da holding, que emprega 1,5 mil pessoas em empreendimentos como o Snowland.

Os auditores-fiscais de Porto Alegre arrecadaram R$ 15.630,00 na sua campanha de solidariedade em fevereiro. O valor foi convertido em cestas de higiene e alimentação para entidades da Capital.

Exposição

Obras de artistas gaúchas estão viajando o mundo por meio de uma parceria entre a Gravura Galeria de Arte e a Arte Global By Malvicino Palermo. Indicadas pela Gravura, as telas participam de exposições no Instagram de galerias em Los Angeles (EUA), Culiacán (México), Ilhas Canárias (Espanha) e Nidge (Turquia), de forma virtual. A abertura dos eventos começa nesta segunda-feira, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. A programação terá pinturas de Dirce Fett, Magna Sperb, Graça Craidy (foto 1) e Milena Julianno (foto 2).

Eleição

A Unimed Federação/RS reconduziu Nilson Luiz May para mais um mandato de três anos como presidente. Jorge Antônio Martines e Flávio da Costa Vieira são os vices.

O cara

Multicampeão mundial e paraolímpico, o gaúcho Ricardinho, melhor jogador do mundo de futebol para cegos, teve seu contrato de patrocínio renovado pela Cabify, em plena crise e em plena pandemia.

TULIO MILMAN

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