07 de setembro de 2015 | N° 18287
ECONOMIA | Marta Sfredo
TEM IMPOSTO NO MEIO DO CAMINHO
Antes de uma semana que promete ser hardcore, o ministro Joaquim Levy deu ao final de semana um tom mais MPB. Em Ancara, na Turquia, lembrou que o Brasil passa por uma travessia e que os rumores sobre sua saída do cargo não passam de folhetim. As duas palavras evocam dois clássicos da música popular brasileira. Mas no sábado, ao voltar a usar a palavra travessia, pronunciada antes em entrevista ao jornal espanholEl País, o ministro introduziu uma nota dissonante: para atravessar da crise para a retomada, o Brasil deve precisar de uma ponte em formato de imposto, ao menos temporário.
Em coro que parece bem ensaiado, outro ministro acrescentou letras ao refrão. Aloizio Mercadante, da Casa Civil, apontou “aumento provisório” de impostos como solução para evitar o déficit previsto para 2016. Na tentativa de atenuar o som desagradável, tentou adoçar a cantiga com um murmúrio sobre a possibilidade de, com mais tributos, poder baixar a taxa básica de juro mais rapidamente. Tudo isso se seguiu ao discurso da presidente Dilma Rousseff, na Paraíba, sobre a impossibilidade de cortar mais gastos.
Certo, o orçamento brasileiro é engessado. Toda discussão sobre onde cortar tropeça na legislação que carimba destinações de verbas públicas. Cerca de 90% do orçamento, por força de lei, define despesas que não podem ser reduzidas ou contornadas, quanto mais cortadas.
Todos os especialistas em contas públicas apontam no cipoal legislativo em torno do orçamento a raiz da dificuldade de abrir caminho para desbastes. Dos 10% restantes, sobram as despesas de custeio mais básicas – telefone, energia, aluguéis – e parcos investimentos. Levantamento da ONG Contas Abertas estima que esses gastos representem R$ 20 bilhões. Não podem ser eliminados, mas uma redução de 20% ou 30% é factível. O esperado e anunciado corte de ministérios é mais simbólico do que efetivo para reduzir o déficit.
Mas quando se engrossa o coro do impostos durante uma recessão, gestos simbólicos são essenciais. O agora todo-poderoso ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, já sugeriu que 15 pastas podem ser enxugadas. Seria música para os ouvidos dos contribuintes que, antes de iniciar a construção da ponte com tijolos de impostos, o Planalto demonstrasse estar na mesma toada. Nem se for, como disse Levy a El País, porque “cortar ministério só aumenta a popularidade”.
SERÁ ASSINADO amanhã memorando de entendimento entre o BNDES e o banco criado pelos sócios do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), quem assina é o brasileiro Paulo Nogueira Batista, que antes dava expediente no Fundo Monetário Internacional.
Na próxima semana, porto alegre recebe o 12° Seminário de Gerenciamento de Projetos, promovido pela PMI-RS. o capítulo gaúcho é um dos mais ativos do brasil e quer disseminar a ideia de que boa parte do desperdício de recursos públicos e privados decorre da incapacidade de elaborar e tocar adiante projetos.
JUNTOS E PARA CIMA
O que era inovação virou tendência e se encaixou no cenário de negócios. A caxiense Upworks desceu a Serra e transformou o conceito de coworking – soluções e espaços compartilhados – em uma rede de franquias. Inaugura, nesta semana, a primeira unidade em Porto Alegre, e garante que é a primeira rede de franquias de espaços colaborativos do Brasil.
A Upworks Porto Alegre vai se instalar na Rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento, com salas de reuniões, escritórios executivos, auditório e um estúdio fotográfico. O perfil dos candidatos a ocupar as áreas, segundo a empresa, não é alternativo, mas corporativo.
Além de Porto Alegre, a empresa analisa propostas de outras cidades. Tem meta de abrir cinco outras unidades até o final de 2016. O investimento inicial para abrir uma franquia desse tipo é de R$ 150 mil.
Educação antidéficit
Um assunto que o Estado parece ter ignorado nas últimas décadas será tema de capacitação da UFRGS. A universidade promove curso de extensão sobre educação fiscal e cidadania, que será lançado amanhã, com palestra do professor Marciano Buffon. A ênfase será na origem, aplicação e controle de recursos públicos.
A primeira turma é dedicada a alunos da UFRGS e tem mais de 80 inscritos de áreas como Economia, Administração e Direito. É uma parceria entre Justiça Fiscal, UFRGS, Receita Federal, Receita Estadual, prefeitura de Porto Alegre e Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (Cegov).
Colega robô
Os millenials, ou os Y, podem ir se preparando para o próximo conflito de gerações. Como o alfabeto está no fim, pode ser que os futuros e novatos colegas sejam conhecidos por números de série. Na sexta-feira, a Toyota anunciou uma parceria com a Universidade de Stanford e o Massachussetts Institute of Technology (MIT) para acelerar a pesquisa sobre inteligência artificial e seu uso em carros e robôs.
Por enquanto, a aposta é moderada: US$ 50 milhões em cinco anos, que serão divididos em partes iguais entre as duas instituições e duas redes de centros de pesquisa conjuntos. Meio assim para não assustar, os técnicos envolvidos citam, como exemplo de serviços robotizados, “equipamentos” que ajudariam idosos, em suas residências, a manter sua autonomia.
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