A demissão de Graça Foster, o esculacho de Dilma e o novo presidente da Petrobras
No final, Graça Foster foi demitida pelo que fez de certo, ao reconhecer uma perda de R$ 88 bilhões nos ativos da companhia, e não pelo que fez de errado
JOSÉ FUCS
03/02/2015 19h50 - Atualizado em 05/02/2015 09h57
Depois de se recusar, estranhamente, a demitir a presidente da Petrobras, Graça Foster, contra todas as recomendações que lhe foram feitas por correligionários do PT e até por Lula, a presidente Dilma Rousseff mudou de ideia e decidiu finalmente defenestrá-la.
Não porque Dilma tenha se convencido de que a permanência de Graça Foster tornou-se um empecilho para ela dar a volta por cima do escândalo que abalou a Petrobras e chacoalhou o seu governo. Mas sim porque Graça resolveu deixar de lado o papel submisso que desempenhou durante toda a crise na companhia. De repente, Graça Foster surpreendeu a todos e desafiou a chefe e os caciques petistas, ao anunciar na semana passada uma perda de R$ 88 bilhões (!!!) no valor dos ativos imobilizados da Petrobras, equivalentes a mais de três vezes os gastos anuais do Bolsa Família.
Provavelmente, ao manter Graça no cargo, Dilma imaginava que ela continuaria a ser uma espécie de escudo para o governo, como aconteceu durante a campanha eleitoral e em seu depoimento à CPI da Petrobras, em meados de 2014, no Congresso Nacional. Só que Graça, vendo a sua reputação descer ralo abaixo, tentou salvar o próprio nome, se é que isso ainda é possível nesta altura do campeonato, ao reconhecer a extensão dos problemas contábeis que afetaram a Petrobras nos últimos anos.
Embora os investidores tenham reagido com euforia à virtual saída de Graça Foster, puxando uma alta de 15% nos papéis da empresa nesta terça-feira, é curioso que, ao final, ela deixe o comando da empresa pelo que fez de certo, ao admitir que os ativos da companhia podem devem um deságio bilionário, e não pelo que fez de errado, dificultando ao máximo a apuração dos fatos do Petrolão.
Agora, o difícil será encontrar um abnegado ou uma abnegada que aceite assumir o pepino – uma missão que teria sido confiada por Dilma ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Só mesmo um executivo kamikaze aceitaria comandar a Petrobras, em meio à série de escândalos que atingiram a empresa, envolvendo não só as grandes empreiteiras mas os partidos políticos da chamada “base aliada”, em especial o PT.
Além de enfrentar os "aliados" que aparelharam a Petrobras como nunca se viu antes neste país, quem aceitar o cargo precisará ter estômago para trabalhar sob a batuta de Dilma, cujoestilo pitbull é conhecido por todos que interagiram com ela desde os tempos em que esteve à frente do Ministério das Minas e Energia, no primeiro governo Lula. O problema é que, neste caso, nem o tal adicional de insalubridade, pago pela Petrobras a seus trabalhadores de campo, parece suficiente para compensar o mau humor da chefe no dia a dia. Graça Foster que levou um esculhacho medonho de Dilma após reconhecer as perdas da Petrobras na semana passada, que o diga.
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