Análise: Depoimento faz crise subir
de patamar
IGOR
GIELOW
05/02/2015 13h33 - DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se
algo pode piorar, não há duvida de que irá. A velha máxima pegou em cheio o PT
e o governo Dilma hoje com a condução coercitiva do tesoureiro João Vaccari
Neto para depor à PF e a revelação de detalhes da delação premiada do "gerente
de US$ 100 milhões", Pedro Barusco.
O ex-gerente
de Engenharia da Petrobras confirmou e apresentou documentação sobre o esquema
operado por Vaccari para sangrar a estatal em pelo menos US$ 200 milhões ao
longo de dez anos. O "pelo menos" fica por conta de que Barusco é apenas
um dos envolvidos nas tramoias apuradas pela Operação Lava Jato.
A
pergunta seguinte, que certamente já foi feita a Vaccari, é: para onde foi o
dinheiro? Sendo ele o homem das finanças do PT, substituto do notório Delúbio
Soares, a resposta é quase óbvia.
Isso
tudo ocorre na véspera do encontro que celebraria os 35 anos do PT com a presença
de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, sob cujos governos foi
arquitetada e executada a corrupção gigante na Petrobras.
Véspera
também do prazo para a escolha da nova diretoria da estatal, que substituirá a
derrubada trupe de Graça Foster. Fica muito batido usar "tempestade
perfeita" para descrever o que acontece no entorno do PT e do Planalto.
Por
ora, alheamento é a palavra de ordem. Dilma passou a posse de Mangabeira Unger
na Secretaria de Assuntos Estratégicos falando algo sobre o "passaporte do
pré-sal", como se estivesse em 2009. Próceres do PT afirmam que farão uma "defesa
enfática" de Vaccari na sexta em BH –como são escaldados, talvez mudem de
ideia com a leitura do noticiário ao longo do dia.
Seja
como for, o Partido dos Trabalhadores chega aos 35 anos sob uma crise que é,
antes de tudo, existencial. Se mantiver o padrão de negação e continuidade nos
erros que assumiu durante o mensalão, quando tudo era "culpa da mídia
golpista", entrará num beco sem saída.
Enquanto
isso, o resto da base aliada do governo mostra como o jogo será jogado ao
instalar a CPI da Petrobras na Câmara. A crise, se é que isso parecia possível,
subiu de patamar.
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