05
de fevereiro de 2015 | N° 18064
DAVID
COIMBRA
O ser humano é perigoso
Um
homem queimado vivo dentro de uma jaula.
A
cena não me sai da cabeça.
Primeiro
fiquei revoltado com a falta de reação do mundo civilizado. Por que não
conseguimos fazer algo contra esses monstros? Como é que a Humanidade ainda
produz gente capaz desse tipo de crueldade?
Estava
chegando à conclusão de que tais atrocidades são produto do fanatismo, da
intolerância religiosa, do... Então lembrei do Brasil.
Sim,
o meu Brasil, o nosso Brasil, onde as pessoas se relacionam com tanta descontração
e irreverência, no nosso Brasil isso acontece. No alto dos morros da mais bela
cidade do planeta, o Rio de Janeiro, os traficantes costumam punir desafetos
com a morte no que eles chamam de “micro-ondas”: enfiam a vítima numa pilha de
pneus e a queimam viva. Não foram dois ou três que morreram assim no Rio: foram
dezenas. Não faz muito, mãe e filha foram arrancadas de uma casa e arrastadas
para uma favela, onde tiveram esse fim terrível.
Confesso
que a lembrança me deixou desnorteado. Os traficantes cariocas não cometem essa
barbárie por convicção religiosa ou ideológica, que é o caso dos terroristas do
Estado Islâmico. Cometem apenas por maldade.
O
que iguala um traficante que vive às margens das ondas plácidas do mar do Rio a
um fanático religioso no meio da aridez do deserto do Oriente Médio? Por que
ambos chegam a esse ponto de indignidade e de desrespeito pela vida humana? Por
que eles fazem o que fazem?
Resposta: Porque
podem.
Não é
só o fanatismo que leva um ser humano a tamanha degeneração, porque os
traficantes não são fanáticos. Não é a falta de educação, porque os terroristas
do Estado Islâmico não são ignorantes iletrados. O que os levou a isso, tanto
no alto do morro quanto no deserto, foi o poder e a sensação de que nenhuma força
institucional terá condições de detê-los.
O
ser humano é perigoso.
Se é
verdade que a maioria das pessoas só quer viver em harmonia e morrer em paz,
sempre haverá os que sublimarão o seu mal-estar na civilização com a violência
que lhes palpita no peito. Para esses é feita a lei. Com esses o Estado tem de
estar eternamente vigilante.
As
feras do fundamentalismo islâmico o mundo terá de resolver com toda a
habilidade e força de que puder dispor. As nossas feras, essas, nós,
brasileiros, teremos de eliminá-las. E só há uma forma de fazer isso: retirando-lhes
o poder. Retirando-lhes o dinheiro das drogas. É preciso legalizar as drogas já.
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