04
de fevereiro de 2015 | N° 18063
J.A.
PINHEIRO MACHADO
Churchill e a joia mais cobiçada
Nas
homenagens a Winston Churchill, no cinquentenário de sua morte, em 24 de
janeiro passado, vale lembrar um entardecer ensolarado: quando o grande líder
chegou à embaixada britânica de Paris, na condição de primeiro-ministro, para a
Festa do Armistício, momento de glória depois da vitória na II Guerra Mundial.
Foi então apresentado a uma mulher inesperada: a deslumbrante Odette, esposa de
Jacques Pol Roger, desportista notável e diretor da empresa familiar produtora
daquelas esplêndidas garrafas de champanhe servidas na festa.
O
primeiro-ministro, que tinha uma admiração romântica pela França, foi cativado
pela elegância e a beleza de Madame Pol Roger e a ela ergueu um brinde com o
excepcional champanhe Pol Roger 1928, um vintage encorpado à altura da ocasião.
Além
da beleza, aquela mulher elegante tinha uma aura de charme heroico que fascinou
o grande líder dos Aliados na II Guerra: ela arriscou a vida como mensageira
clandestina da Resistência Francesa sob a ocupação nazista.
Desde
aquele brinde na embaixada, Madame Pol Roger tornou-se a maior paixão da vida
de Winston Churchill. Cabelo dourado, corpo esguio e olhos de um estranho azul
acinzentado, Odette foi reconhecida como uma das mais lindas mulheres de Paris,
e mereceu ser fotografada pelo gênio Cecil Beaton. Casou-se muito jovem, adotou
o sobrenome Pol Roger, e passou a viver com o marido, Jacques, perto das
videiras de Épernay. Depois da Festa do Armistício, todos os anos, no
aniversário de Churchill, Odette enviava de presente uma caixa do soberbo
champanhe daquele primeiro brinde, o Pol Roger 1928, até 1953, quando acabaram
os estoques.
“Convide-me
para Épernay”, escreveu Churchill a Madame Pol Roger, “e eu vou pressionar as
uvas com os pés.” Era uma imagem vívida, mas ele nunca foi visitá-la na região
de Champagne.
Essa
mulher admirável nasceu Odette Wallace, filha do general Georges Wallace, que
lutou com distinção no exército francês durante a I Grande Guerra. Era bisneta
do colecionador de arte e filantropo Sir Richard Wallace, que dedicou a vida à
“Wallace Collection”, seu tesouro inigualável de obras de arte. Ao conhecer
Odette e suas duas irmãs, também belíssimas, Winston Churchill não resistiu a
uma ironia amável:
“Elas
são a verdadeira Wallace Collection”.
Seu
olho arguto não vacilou e fixou-se na joia mais cobiçada da coleção: Odette.
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