04
de julho de 2014 | N° 17849
ARTIGOS
- João Carlos Möller*
BUCOLISMO E DESENVOLVIMENTO
Travessias
de balsas podem ser realizadas em Charqueadas e São Jerônimo, distantes menos
de 50 quilômetros
de Porto Alegre. Essas duas cidades situam-se sobre a margem direita do Rio
Jacuí e suas populações não têm acesso à margem esquerda, a não ser por balsas,
que não operam em dias com neblina. Este fato não seria tão inusitado se do
outro lado do Jacuí, a exatos 25
quilômetros de Charqueadas, não estivesse situado o Polo
Petroquímico de Triunfo, que confere ao município de mesmo nome o maior PIB per
capita do Rio Grande e um dos maiores do mundo.
Por
falta de uma ponte ligando as duas margens do Jacuí nessa região do Estado, as
populações de Charqueadas, de São Jerônimo e da bucólica General Câmara ficaram
sem acesso direto ao Polo e a sua variada gama de empregos. Além disto, fica
difícil entender a inexistência de uma ponte sobre o Jacuí, permitindo a ligação
rodoviária do Polo diretamente ao entroncamento das BRs 290 e 116, em Eldorado
do Sul, e daí para o Porto de Rio Grande. Essa providência por certo
desafogaria a BR-386 e as pontes sobre o estuário do Guaí-ba, reduzindo
acidentes, engarrafamentos e os mais variados transtornos diários. Esse trajeto
teria não mais que 20 quilômetros
de extensão.
Que
estranhos e antissociais interesses existem por trás da decisão de não
construir uma ponte sobre o Jacuí nessa região? A quem interessaria manter
cativa a mão de obra existente nessas três cidades e não submeter-se à concorrência
das inúmeras empresas que constituem o Polo? Certamente, essas empresas
gostariam de dispor da mão de obra de bom nível educacional situada nas
proximidades, caso existisse uma ponte.
Teria
sido uma decisão de Estado preservar o bucolismo das ruas de General Câmara e
das travessias de balsa nos rios deste Rio Grande extremamente abençoado pela
natureza, mas que não parece ter sido aben-çoado pela formação de políticos com
conhecimentos razoáveis de geografia ou com noções básicas de planejamento logístico
e social?
De
quebra, poderia também ser explicado por que até hoje não existe transporte
hidroviário de passageiros entre o centro de Porto Alegre e o Guarujá, com estações
no Beira-Rio, Cristal, Ipanema etc. Tal transporte iria melhorar a vida de
milhares de pessoas.
*
GEÓLOGO
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