Jaime
Cimenti>
Os maiores ícones intelectuais do século
XX
É praticamente
consenso que os filósofos e escritores Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir
foram os maiores ícones intelectuais do século passado. Os dois desenvolveram
uma relação intensa e dolorosa, que durou mais de 50 anos. A biografia dupla
Uma relação perigosa, da galesa Carole Seymour-Jones, historiadora e escritora,
retrata as vidas dos dois pensadores desde a infância até a morte.
Carole
já publicou títulos importantes, como Beatrice Webb: A Life (1992); Painted
Shadow: The Life of Vivienne Eliot, first wife of T.S.Eliot (2001) e, com bases
em muitas leituras, pesquisas e cartas recém-descobertas de Simone revela, por
exemplo, o lado mais obscuro da filosofia do amor livre, mostrando que Simone
seduzia jovens e as dividia com Sartre. Eles nunca se casaram, e sua longa ligação
sobreviveu mesmo sem sexo. A liasoin de Sartre com Simone tinha um potencial
para o bem: era uma bigorna de onde voavam fagulhas intelectuais. No Café de
Flore ou no Deux Magots, eles flertavam, fumavam, bebiam e produziam livros
juntos.
Mas
a relação também tinha um potencial para o mal: os dois, os “gêmeos”,
encorajavam e justificavam um ao outro dentro de seu mundo privado, cujas fundações
eram não só a iconoclastia intelectual, como também uma feroz necessidade mútua,
enraizada parcialmente em suas infâncias feridas. O fascínio do relacionamento
dos dois foi, principalmente, ter sobrevivido sem sexo, redefinindo o amor como
um compromisso para a vida toda, baseado antes em laços firmes do que desejo físico,
que poderia ser encontrado - e descartado - em qualquer lugar.
Sartre ansiava pela intimidade que conhecera
quando criança com a mãe. O menino estrábico tornou-se um adulto com
necessidade obsessiva por mulheres. A obra de Carole narra como Simone se
apaixonou pelo arrogante Jean-Paul em meio aos corredores da Sorbonne e aos cafés
da Rive Gauche. Carole descreve o primeiro verão que Sartre e Simone passaram
juntos, em 1929, os debates acalorados que se prolongavam noite adentro, a
competição sexual, as traições, as ideias perigosas que levavam as pessoas a
experimentar novos comportamentos e o amor profundo que este casal incomum
conservava.
Com
muita compreensão histórica e com base em investigação escrupulosa, a autora
mostra as viagens e a movimentada vida sexual do casal. Virgens, prostitutas,
adolescentes e admiradores figuram nas aventuras da dupla. Record, 616 páginas,
mdireto@record.com.br.
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