sexta-feira, 11 de abril de 2014

Jaime Cimenti>

Os maiores ícones intelectuais do século XX

É praticamente consenso que os filósofos e escritores Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir foram os maiores ícones intelectuais do século passado. Os dois desenvolveram uma relação intensa e dolorosa, que durou mais de 50 anos. A biografia dupla Uma relação perigosa, da galesa Carole Seymour-Jones, historiadora e escritora, retrata as vidas dos dois pensadores desde a infância até a morte.

Carole já publicou títulos importantes, como Beatrice Webb: A Life (1992); Painted Shadow: The Life of Vivienne Eliot, first wife of T.S.Eliot (2001) e, com bases em muitas leituras, pesquisas e cartas recém-descobertas de Simone revela, por exemplo, o lado mais obscuro da filosofia do amor livre, mostrando que Simone seduzia jovens e as dividia com Sartre. Eles nunca se casaram, e sua longa ligação sobreviveu mesmo sem sexo. A liasoin de Sartre com Simone tinha um potencial para o bem: era uma bigorna de onde voavam fagulhas intelectuais. No Café de Flore ou no Deux Magots, eles flertavam, fumavam, bebiam e produziam livros juntos.

Mas a relação também tinha um potencial para o mal: os dois, os “gêmeos”, encorajavam e justificavam um ao outro dentro de seu mundo privado, cujas fundações eram não só a iconoclastia intelectual, como também uma feroz necessidade mútua, enraizada parcialmente em suas infâncias feridas. O fascínio do relacionamento dos dois foi, principalmente, ter sobrevivido sem sexo, redefinindo o amor como um compromisso para a vida toda, baseado antes em laços firmes do que desejo físico, que poderia ser encontrado - e descartado - em qualquer lugar.

 Sartre ansiava pela intimidade que conhecera quando criança com a mãe. O menino estrábico tornou-se um adulto com necessidade obsessiva por mulheres. A obra de Carole narra como Simone se apaixonou pelo arrogante Jean-Paul em meio aos corredores da Sorbonne e aos cafés da Rive Gauche. Carole descreve o primeiro verão que Sartre e Simone passaram juntos, em 1929, os debates acalorados que se prolongavam noite adentro, a competição sexual, as traições, as ideias perigosas que levavam as pessoas a experimentar novos comportamentos e o amor profundo que este casal incomum conservava.


Com muita compreensão histórica e com base em investigação escrupulosa, a autora mostra as viagens e a movimentada vida sexual do casal. Virgens, prostitutas, adolescentes e admiradores figuram nas aventuras da dupla. Record, 616 páginas, mdireto@record.com.br.

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