sábado, 26 de abril de 2014


27 de abril de 2014 | N° 17776
PAULO SANT’ANA

Transações tenebrosas

Não entendi direito essa venda da refinaria de Pasadena (EUA) para a Petrobras, mas o que entendi bem é que sofremos com o negócio um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão por esse desatino.

Isso tem cheiro de trambique. O prejuízo do Brasil com esse negócio feito às pressas daria para aliviar a dramática e assassina fila do SUS para cirurgias.

A refinaria estava instalada nos EUA e era propriedade belga. Se era uma barbada assim como a pressa da Petrobras indicava, por que os próprios EUA não a adquiriram?

Certamente os EUA não a adquiriram pelo preço de ocasião, uma bagatela, porque nem o preço de ocasião era tentador. E como é que o Brasil, pela Petrobras, foi entrar nessa fria e adquirir uma sucata?

É muito dinheiro posto fora em transações tenebrosas, como poetou o Chico Buarque.

O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli foi até o Congresso para depor sobre a tenebrosa transação e disse que, se ele foi responsável pelo prejuízo arcado pela Petrobras, então a presidente Dilma Rousseff, que assinou o negócio como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, também teve responsabilidade.

Ou seja, Gabrielli escora-se no prestígio da presidente para ficar impune. Sabe que ninguém terá a audácia de puni-la, então ele fica na carona de impunidade dela.

É muita coisa e é uma comédia.

E não é a hora, portanto, de rever todos os negócios da Petrobras nos últimos anos, inclusive os realizados em torno do petróleo argentino?

Até agora, nessas últimas décadas, a Petrobras não tinha sido alvo de sequer uma investigação por seus negócios e administração.

E, com Pasadena, a Petrobras perde assim a sua virgindade. Viu-se agora que tem gato na tuba da famosa estatal, tanto que está preso um ex-dirigente dela. Então, os dirigentes da Petrobras não são as vestais imunes que se acreditava que fossem.

Caiu a máscara da Petrobras ou esse foi apenas um episódio isolado?


O petróleo é nosso, mas nada existe mais nosso do que a corrupção.

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