09
de abril de 2014 | N° 17758
PAULO
SANT’ANA
A velocidade
Chega
a ser inacreditável que dos 18 aos 74 anos de idade eu não tenha praticado
nenhum exercício físico em minha vida.
Paguei
tributo severo a essa inadimplência. Agora, estou sendo obrigado a três horas
semanais de fisioterapia, sob o comando do professor Fanta, que realiza comigo
os exercícios convencionais em minha residência.
Exercito-me,
atualmente, principalmente nos braços e nas pernas. Durante esses 56 anos de
absoluta ausência de ginástica e de corridas, os meus músculos, por óbvio, se
atrofiaram.
Agora,
com apenas uns sete meses de exercícios, já me afloram algumas tímidas
musculaturas. Tenho esperança de que, até o fim da minha vida, eu venha a
exercitar-me constantemente.
Eu
deveria ter durante minha juventude e maturidade caminhado muito e corrido
bastante. E agora estou pagando a conta desse ócio maléfico para meu corpo.
Meus
exercícios, agora, considero-os, pela repetição, chatíssimos. Parece que nunca
vão acabar os 60 minutos de duração. Quando acabam, liberto-me enfim da prática
física e ingresso no banho restaurador, depois das massagens de praxe que o
Fanta me aplica com suas potentes mãos.
Se
eu tivesse caminhado uma hora por dia ou corrido diariamente uns 30 minutos, não
estaria agora submetido a esse castigo que importam os exercícios corporais que
atualmente cultivo.
Tenho
amigos que, entre os 60 e 75 anos, ainda se submetem a corridas diárias
extensas. Admiro-os pela tenacidade, mas eles colhem os frutos desse esforço
por uma existência feliz e recompensadora.
Quando,
durante todo esse tempo de ócio, me aconselhavam os amigos a correr, eu
respondia a eles jocosamente que preferia andar de táxi. Que tolice!
O
fato é que o corpo humano foi feito para exercitar-se, caminhar e correr.
E a
vida moderna é que acabou levando o homem, pelo transporte de massas, a afastar-se
dos exercícios físicos que para os homens da antiguidade eram um dever
funcional.
Vejam
os animais, os exercícios físicos neles fazem parte do seu desenvolvimento. Os
felinos adquirem velocidade com os exercícios físicos. É impressionante a
velocidade dos tigres, das panteras, dos pumas, correndo atrás de suas presas. Alguns
deles são capazes de alcançar as gazelas, tidas como as presas mais velozes da
Terra.
Já viram
uma lebre correr? Que desembaraço!
Ouço
falar que os antílopes são presas das mais velozes que existem, espécie de
veados que apostam corridas com as feras, muitas vezes superando-as.
E é de
se ver quando uma fera alcança, depois de extenuante corrida, uma dessas presas
e crava os dentes nela e se banha de sangue no usufruto de seu triunfo.
Os
animais são velozes. E os homens também teriam que ser, deixaram de ser velozes
incrivelmente pelo desenvolvimento de sua civilização, da qual se tornaram
usufrutuários e... presas.
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