sábado, 5 de abril de 2014


06 de abril de 2014 | N° 17755
VERISSIMO - As aventuras da família Brasil

Musicais

A reprise de Jesus Cristo Superstar, em São Paulo, faz lembrar que a opera rock do Lloyd Webber foi importante, quando estreou, porque mostrou que era possível fazer musicais sobre qualquer coisa, por mais improvável que fosse. Depois de Superstar vieram musicais sobre Evita Peron e os gatos do T.S.Eliot, musicais baseados em Os Miseráveis do Victor Hugo, até um musical, anterior ao filme, sobre o naufrágio do Titanic (aliás, ótimo). Stephen Sondheim chegou a fazer um musical sobre assassinos de presidentes americanos. Hoje não há nada salvo, talvez, o Livro Tibetano dos Mortos que não possa ser musicado, coreografado e posto sobre um palco. O Ser e o Nada, do Sartre? Dá até para imaginar um sapateado dos dois personagens.

Um musical sobre os filósofos? Por que não? A abertura seria com o Descartes cantando “Cogito, ergo...Som!” — e entra a orquestra. Teríamos o plangente Fenomenologia Blues. E interlúdios cômicos como o de Husserl, Hegel e Heidegger dançando e cantando:

“Somos Husserl, Hegel e Heidegger, rapazes que ruminam a razão.

Como hobby refletimos e raramente rimos — ajuda se você for alemão.”

Um musical sobre o Novo Dicionário da Língua Portuguesa já teria um título pronto: Aurelião!. E uma frase para a publicidade do espetáculo: “Ação, beleza, conflito, sexo... e xifódimo e zurzidela também. Tudo está em Aurelião!.”

A Bíblia daria outras opera-rocks. Noé e a arca, por exemplo. Noé recebendo os pares de bichos que salvará do Dilúvio e orientando sua entrada na arca cantando uma adaptação da música de João Bosco e Aldir Blanc, “São dois pra cá, dois pra lá”. Um fantástico número de dança com toda a companhia no salão de festas da arca, com os elefantes pisoteando todo o mundo. Um musical sobre Adão e Eva no Paraíso. Adão para Eva, num momento de irritação:

“Me chateias

me agrides

me enches

me esgoelas.

Cuidado, mulher

— eu tenho outras costelas!”

Um musical sobre Tarzan e Jane. Jane cantando para Tarzan:

“Fico louca com teus músculos sobre cada um escreveria opúsculos.

Tua cabeleira revolta

tua tanga semi-solta

e esse seu jeito, Tarzan

de virar a cabeça e dizer “ahn?”

Acima de tudo, amo o teu grito esse selvagem bramido.

Mas, por favor: não no meu ouvido.”

Desafios não faltam para quem quiser fazer um musical diferente. Os Sertões, a Enciclopédia Britânica (superprodução). O Diário Oficial!


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