06
de abril de 2014 | N° 17755
VERISSIMO
- As aventuras da família Brasil
Musicais
A
reprise de Jesus Cristo Superstar, em São Paulo, faz lembrar que a opera rock
do Lloyd Webber foi importante, quando estreou, porque mostrou que era possível
fazer musicais sobre qualquer coisa, por mais improvável que fosse. Depois de
Superstar vieram musicais sobre Evita Peron e os gatos do T.S.Eliot, musicais
baseados em Os Miseráveis do Victor Hugo, até um musical, anterior ao filme,
sobre o naufrágio do Titanic (aliás, ótimo). Stephen Sondheim chegou a fazer um
musical sobre assassinos de presidentes americanos. Hoje não há nada salvo,
talvez, o Livro Tibetano dos Mortos que não possa ser musicado, coreografado e
posto sobre um palco. O Ser e o Nada, do Sartre? Dá até para imaginar um
sapateado dos dois personagens.
Um
musical sobre os filósofos? Por que não? A abertura seria com o Descartes
cantando “Cogito, ergo...Som!” — e entra a orquestra. Teríamos o plangente
Fenomenologia Blues. E interlúdios cômicos como o de Husserl, Hegel e Heidegger
dançando e cantando:
“Somos
Husserl, Hegel e Heidegger, rapazes que ruminam a razão.
Como
hobby refletimos e raramente rimos — ajuda se você for alemão.”
Um
musical sobre o Novo Dicionário da Língua Portuguesa já teria um título pronto:
Aurelião!. E uma frase para a publicidade do espetáculo: “Ação, beleza,
conflito, sexo... e xifódimo e zurzidela também. Tudo está em Aurelião!.”
A
Bíblia daria outras opera-rocks. Noé e a arca, por exemplo. Noé recebendo os
pares de bichos que salvará do Dilúvio e orientando sua entrada na arca
cantando uma adaptação da música de João Bosco e Aldir Blanc, “São dois pra cá,
dois pra lá”. Um fantástico número de dança com toda a companhia no salão de
festas da arca, com os elefantes pisoteando todo o mundo. Um musical sobre Adão
e Eva no Paraíso. Adão para Eva, num momento de irritação:
“Me
chateias
me
agrides
me
enches
me
esgoelas.
Cuidado,
mulher
— eu
tenho outras costelas!”
Um
musical sobre Tarzan e Jane. Jane cantando para Tarzan:
“Fico
louca com teus músculos sobre cada um escreveria opúsculos.
Tua
cabeleira revolta
tua
tanga semi-solta
e
esse seu jeito, Tarzan
de
virar a cabeça e dizer “ahn?”
Acima
de tudo, amo o teu grito esse selvagem bramido.
Mas,
por favor: não no meu ouvido.”
Desafios
não faltam para quem quiser fazer um musical diferente. Os Sertões, a
Enciclopédia Britânica (superprodução). O Diário Oficial!
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