17
de abril de 2014 | N° 17766
CHOQUE
NO BOLSO
Tarifaço poderá ter autorização
extraordinária
Estava
previsto que os fortes reajustes na conta de luz só chegassem para os
consumidores a partir do próximo ano. A ideia era de pagar a conta da escassez
que determinou a entrada em operação de quase todas as usinas térmicas disponíveis
no país depois da Copa do Mundo, da eleição e do Natal.
Mas
a pressão no caixa das distribuidoras, que exigiu um plano de socorro de emergência
de R$ 11,2 bilhões, falou mais alto. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) aprovou regulamento que permite repasses extraordinários aos
consumidores, fora da data de aniversário dos contratos. O objetivo da medida é
cobrir o custo do socorro bilionário que o uso das térmicas tornou necessário.
Se
isso ocorrer, os consumidores que pagarem “a mais” terão direito a indenização
no próximo reajuste. Com ajuda do governo, as distribuidoras tomarão empréstimos
para cobrir suas despesas com compra de energia e uso de térmicas deste ano. Esse
gasto será coberto pelo consumidor, por meio da tarifa.
Os
reajustes gigantes que começam a vigorar neste sábado para quase um terço dos
gaúchos devem prosseguir em 2015, sustenta Paulo Steele, diretor da TR Soluções,
especializada em cálculos de custo de energia. Caso nada mude no cenário ou o
governo lance mão de novas medidas, o índice de reajustes esperado para as
distribuidoras gaúchas no próximo ano variam de 11% a 15%. A partir deste cálculo,
explica Steele, é que são definidos os percentuais de aumento na conta do
consumidor, em decorrência de outros custos.
Segundo
Steele, se o governo federal não tivesse socorrido o setor, os reajustes
poderiam ser ainda maiores neste ano.
– Talvez
o dobro do que estamos vendo – diz Steele, lembrando que, na verdade, a conta
que o consumidor vai pagar será parcelada entre este ano e 2015.
Em março,
o Planalto confirmou uma ajuda de R$ 12 bilhões às elétricas, sendo R$ 4 bilhões
de aportes do Tesouro na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), para cobrir
o gasto extra com as térmicas. À época, a intenção anunciada era que o aumento
da conta chegasse ao consumidor apenas no próximo ano. Para o diretor geral da
AES Sul, Antonio Carlos de Oliveira, é prematuro projetar o tamanho do aumento
que deve chegar em 2015:
– É difícil
prever hoje. Tem muita coisa para acontecer.
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