Jaime
Cimenti
Pessoas em situações-limite
Se
alguém ainda duvida que o jornalismo é a melhor profissão do mundo, como disse
o escritor e jornalista Gabriel Garcia Márquez, é só ler Em terreno minado -
aventuras de um repórter brasileiro em áreas de guerra e conflito, de Humberto
Trezzi, jornalista mais premiado de 2013 e
vencedor do Prêmio Esso de 2013. Trezzi é especialista em coberturas de
risco. Sua obra revela bastidores de reportagens em áreas de risco que ele fez
em quase 30 anos de profissão.
“Crime
e guerra são a minha ‘praia’ desde que comecei na profissão, lá no longínquo
1984”, diz o autor. No livro, o repórter apresenta detalhes de arrepiar,
conflitos, rebeliões e catástrofes em vários pontos do mundo, como Angola,
Bolívia, Chile, Colômbia, Haiti, Líbia, México, Paraguai, Timor e também em
Porto Alegre, Rio e Santa Catarina. “É apenas um balanço daquilo que mais me
impactou nesses anos de estrada. Um ajuste de contas com a profissão”, conta
Trezzi, modesto, sobre o livro.
O
autor aprendeu a escrever reportagens em estilo literário na leitura de grandes
mestres como Ernest Hemingway, Joseph Conrad e Gabriel Garcia Márquez.
Matadores de aluguel, traficantes, assaltantes, entrevistados em seus
esconderijos, tentativas de golpe de Estado e situações em que o autor esteve
sob risco de vida estão na obra, que retrata bem nosso conturbado mundo
contemporâneo.
Em
abril de 1996, o repórter esteve a perigo nos arredores do aeroporto de Kuito,
em Angola. Em 2011, esteve em meio a disparos de artilharia da Líbia. No interior
da Bolívia, em 2008, Trezzi e um fotógrafo foram detidos por índios revoltados
que os consideraram americanos.
Em
2008, Trezzi fez uma reportagem sobre mafiosos mexicanos em Ciudad Juarez, onde
em sua primeira noite houve 17 mortes. Guerra civil no Haiti, terremoto no
Chile, caçadores de veículos roubados no Paraguai, meandros do tráfico de
drogas no Rio e em Porto Alegre e outros acontecimentos estão nas páginas do
livro, que revela o fascínio das reportagens e um repórter nada super-homem e
demasiadamente humano, como o classificou Andrei Netto, correspondente de O
Estado de S. Paulo na França.
Na
parte final do livro, com título Reportagem Policial, Trezzi oferece um texto
vibrante sobre o tempo dos policiais-repórteres, quando alguns jornalistas (especialmente
os policiais-jornalistas) portavam armas e o relacionamento da imprensa com os
criminosos era, por vezes, bem diferente do que o da atualidade.
Enfim,
quem gosta de emoção, aventura, jornalismo e literatura, leia o livro. Não se
arrependerá. Geração Editorial, 344 páginas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário