03
de janeiro de 2014 | N° 17662PÁGINA 10 |
ROSANE
DE OLIVEIRA
Como se caísse um avião com 379
pessoas a bordo
De
tanto contar mortos em acidentes ou em crimes de trânsito , os brasileiros
parecem anestesiados. Entre o dia 20 de dezembro e a manhã de ontem, morreram
379 pessoas nas estradas federais e nós temos que nos dar por satisfeitos,
porque esse número é 9,7% inferior ao do mesmo período do ano passado. A ele
somam-se os acidentes nas estradas estaduais e nas vias urbanas (até o
fechamento desta edição, a estatística completa ainda não estava disponível).
Só nas rodovias estaduais gaúchas foram 11 mortos no mesmo período.
Fiquemos,
pois, com os 379 mortos nas rodovias federais. É como se caísse uma das maiores
aeronaves em operação no mundo e quase ninguém desse atenção. Porque o avião é
um dos meios de transporte mais seguros, um acidente choca, comove e
desencadeia uma investigação profunda para identificar as causas e impedir que
o problema se repita.
Os
mortos no trânsito não resultam em uma foto de caixões enfileirados – exceto
quando o acidente envolve ônibus – e acabam sendo tratados com a frieza das
estatísticas: são 6.651 acidentes com 379 mortos, o que dá 41 vítimas fatais a
menos do que em 2012.
Somos
induzidos a achar que o número é bom, porque, afinal, a curva é decrescente.
Além da redução em números absolutos, houve queda proporcional em relação aos
veículos emplacados. Em 2012, foram 97,13 acidentes por milhão de veículos. Em
2013, baixou para 81,4 por milhão. Poderia ter sido pior, é verdade, mas os
números são péssimos. Só nas estradas federais, 4.352 pessoas ficaram feridas.
Isso é coisa que se comemore?
Desse
batalhão de feridos, parte ainda corre o risco de morrer em consequência das
lesões, outros ficarão incapacitados para o trabalho ou terão projetos
interrompidos.
Quando
se abrem os dados, fica claro que boa parte das mortes ocorreu por imperícia ou
imprudência. Foram 83 em colisões frontais, 30 em saídas de pista, 24 por
atropelamento, 17 em colisão transversal e 14 em capotamentos. O número de
motoristas flagrados alcoolizados ou sem habilitação sugere que o caminho para
reduzir os acidentes passa pela fiscalização e pela aplicação de multas, como
fazem os países que conseguiram vencer a guerra do trânsito.
Impacto
de R$ 1,8 bilhão
O
reajuste de 6,78% no salário mínimo, que agora é de R$ 724, fará com que as
prefeituras gastem R$ 1,8 bilhão a mais em 2014. O cálculo foi divulgado ontem
pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Segundo o estudo, mais de 2
milhões de funcionários têm o salário vinculado ao piso. Prefeitos reclamam de
que os aumentos concedidos pelo governo não vêm acompanhados de novas receitas.
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