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domingo, 9 de outubro de 2011
ELIANE CANTANHÊDE
"Como está caro!"
BRASÍLIA - Dias atrás, a Mira, que trabalha comigo há 20 anos, foi se indignando com as compras do supermercado, uma a uma: "Nossa! Como está caro!". E arrematou: "Minha família está reclamando que o preço de tudo está subindo".
Os dados oficiais confirmam essa percepção popular: o IPCA, principal índice de preços do país, mostra que a inflação aumentou 7,31% nos últimos 12 meses. É o maior índice desde maio de 2005, muito superior ao teto (6,5%) da meta de inflação determinada pelo governo.
O maior peso foi das passagens aéreas, mas os alimentos da mesa de todo dia e de quase todas as faixas de renda vieram logo depois: feijão carioca, açúcar, frango e leite.
Talvez esteja aí a explicação, aliada ao fator político, das greves que pipocam pelo país, sobretudo no setor público, depois dos oito anos de marasmo da era Lula. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios, professores, eletricitários... Sem falar dos petroleiros, que ameaçam parar no dia 19, e do Judiciário, que pressiona por aumento.
O ambiente pode até ser "praticamente de pleno emprego", como disse Dilma em Nova York, mas não é de tranquilidade. De um lado, crise na Europa e nos EUA, corte de R$ 50 bi no Orçamento, inflação fora de controle. De outro, categorias e cidadãos sentindo o aumento de preços, reclamando do salário no fim do mês e se rearticulando.
Quando a economia vai bem, a política vai bem. Quando começa a tremelicar, o reflexo na política pode até tardar, mas não falha. Dilma que abra o olho e aja enquanto é tempo. Inflação alta, trabalhador parado e povo na rua costuma ser uma combinação explosiva para qualquer governo, em qualquer época.
O BC está na berlinda, enquanto o ex Henrique Meirelles, considerado um sucesso, mas magoado com Dilma, pula no PSD e na política.
elianec@uol.com.br
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