sexta-feira, 14 de outubro de 2011



14 de outubro de 2011 | N° 16855
PAULO SANT’ANA


O Grêmio pequeno

Os amantes dos campeonatos por pontos corridos, mal o Grêmio perdeu para o Figueirense por 3 a 1, dentro do Olímpico, saíram a pregar que o ano terminou para o Grêmio.

Mas que campeonato excelente é este de pontos corridos, que o ano termina para o time de maior torcida do Rio Grande do Sul no dia 12 de outubro, faltando ainda tanto tempo para terminar o ano?

Como terminou o ano para o Grêmio, o setorista de Zero Hora no Olímpico, Luís Henrique Benfica, sempre atento ao seu setor, resolveu fixar-se com afinco num assunto: Celso Roth continuará no Grêmio em 2012?

Não seria a hora de cogitar-se isso, o contrato de Celso Roth com o Grêmio termina a 31 de dezembro e, segundo os estatísticos, o Grêmio ainda necessita fazer mais seis pontos nos nove jogos que lhe faltam, se quiser fugir do rebaixamento. O único dever de Celso Roth com o Grêmio é ganhar esses seis pontos.

Mas, não, os amantes dos pontos corridos decretaram que o ano terminou para o Grêmio.

É o que dá terem institucionalizado no Grêmio, os ex-presidentes do clube e seu atual presidente, que o clube tem de fazer time só suficiente para fugir do rebaixamento.

Institucionalizar quer dizer que parece que colocaram nos estatutos do Grêmio um dever para o clube: construir todos os anos timezinhos medíocres que só lutem por fugir do rebaixamento.

Isso vai ter de ter um paradeiro.

Um clube pode lutar contra o rebaixamento em determinado ano, mas não todos os anos como o Grêmio vem fazendo. Entra ano e sai ano e o Grêmio, em todos os campeonatos nacionais, vira e mexe, só luta para fugir do rebaixamento, tornando a vida de seus torcedores um pesadelo constante e infindável.

É necessário que se faça uma exigência a quem doravante pretender ser presidente do Grêmio: que assine em cartório um compromisso em que declare que não fará um time só para escapar do rebaixamento, mas que lute, isto sim, para alcançar a Libertadores e o título.

Não sendo assim, não pode ser presidente do Grêmio. Que vá ser presidente do São José, que é um clube querido que se contenta em ser pequeno.

E não se diga que faltam ao Grêmio recursos financeiros para fazer um ótimo time. Eu provo isso: o próprio Luís Henrique Benfica noticiou ontem na Gaúcha que o Grêmio pagou US$ 2,3 milhões para comprar Miralles. Em dólares, notem bem. Então, não é falta de dinheiro. É falta de talento gerencial.

Nestes anos todos recentes em que só lutou para fugir do rebaixamento, o Grêmio gastou fortunas com seu futebol. Fortunas maiores do que as que gastaram inúmeros clubes que chegaram à frente do Grêmio em vários campeonatos e neste campeonato que está sendo disputado.

Isto é um absurdo. Isso tem de acabar. Se isso continuar assim, a torcida do Grêmio tem o direito de ganhar as ruas e protestar energicamente contra esse disparate monumental.

Isso é uma ofensa à dignidade do Grêmio.

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