terça-feira, 18 de outubro de 2011



18 de outubro de 2011 | N° 16859
PAULO SANT’ANA


Conforto no trabalho

Circulou ontem aqui no meu derredor a notícia de que foi contratado pela RBS um executivo que liderará os recursos humanos na empresa.

Até aí, nada de mais. É que a chegada do novo líder proporciona um boato salutar: o de que ele é adepto da sesta para os servidores, o que me deixa entusiasmado.

Pode ser estranho que um homem assuma suas funções em uma empresa importante pregando o sono. Mas eu exulto diante da novidade.

Sei por mim. Antes da chegada desse novo executivo, havia, no que me concerne, uma visão idêntica por aqui, tanto que foi comprado um sofá-cama confortabilíssimo e posto na sala em que trabalho, visando centralmente à minha pessoa, mas à disposição de todos os que quisessem tirar uma soneca reparadora antes do trabalho da tarde.

Foi uma iniciativa da diretora Marta Gleich, que teve a visão pioneira de proporcionar-me um sofá talhado para a minha sesta. Desde ali, produzo muito mais do que produziria para a RBS se me fosse imposta a vigília forçada.

Tudo depende do jeito com que tratam a gente.

Sempre que tiro uma soneca, saio dela rejuvenescido e produzo melhor.

Todos os chefes que chegam à empresa encarando como importante que os funcionários se sintam melhor em seu ambiente de trabalho são bem-vindos. Pois saúdo esse homem que, segundo o boato, teve a coragem de pregar que se dormite no serviço. Não há nada que possa melhor interessar a uma empresa que ela permita que seus funcionários toscanejem, cochilem em intervalos de trabalho.

O cochilo é essencial para afastar o mau humor.

Ótima notícia, viva o cochilo!

Eu sou adepto da suavidade nas relações de trabalho. Esse sofá-cama que me puseram na sala de trabalho é um monumento à eficácia da ternura no resultado que interessa à minha empresa: depois que me deram esse sofá, as minhas colunas ganharam em qualidade.

Ou seja, não fui eu o beneficiário mais direto da medida, foram os leitores de Zero Hora. Pode parecer ridículo, mas, quanto mais me permitirem cochilar às vezes, melhores colunas escreverei.

E a prova disso é que tenho cochilado e as colunas estão cada vez melhores.

Dizem que o novo líder de recursos humanos da RBS, que vem para a área de gestão de pessoas, é de origem japonesa, o que é bom sinal.

Os japoneses foram pioneiros em tratar bem os funcionários de empresas. Tanto que foram os japoneses que inventaram a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas.

Foi essa a maior bolação empresarial do século passado, mediante a qual os japoneses descobriram que, repartindo as empresas seus lucros com seus servidores, elas viriam a ter, incrivelmente, um lucro maior.

De uma tacada só, fariam seus funcionários mais felizes e mais produtivos.

Vem aí o japonês. E tomara que venha cheio de ideias. Seu nome é Deli Matsuo.

Convido-o para conhecer o meu sofá-cama. O meu sofá-cama, Deli, é uma usina de bem-estar casada com produtividade.

Não há melhor nem mais próspera ideia do que dotar o trabalhador de conforto no trabalho.

Nenhum comentário: