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terça-feira, 25 de outubro de 2011
25 de outubro de 2011 | N° 16866
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Sobre o vinho
Uma amiga me presenteia com um Chardonnay Viognier e logo me desperta lembranças da infância. Meu pai nunca deixava de acompanhar o almoço e o jantar com uma garrafa de bom vinho. Aos adultos era servida a taça inteira. Para nós, as crianças, reservava-se sempre uma pequena dose.
Cresci tomando vinho, em especial o daqueles barriletes enviados por eleitores da Serra, onde eram fabricados. Para prová-los era mister aspirar o precioso líquido com um sifão, de onde descia belo, inebriante, desejável.
Depois, meus pais se foram e já não havia mais vinho à mesa. Isso não impediu que guardasse a memória daquele prazer, provando um cálice sempre que pudesse. Não estou só nessa devoção.
Ainda agora, Veja traz belo ensaio de Jerônimo Teixeira sobre um livro do filósofo inglês Roger Scruton, que recorda que o vinho é a própria civilização. “A distinção entre os países civilizados e incivilizados” – afirma ele – “é a distinção entre os países onde se bebe e onde não se bebe”. E evoca que o vinho foi a bebida dos banquetes filosóficos gregos, das saturninas romanas, da Eucaristia cristã. Em verdade, a videira já era cultivada 6 mil anos antes de Cristo.
Anacreonte, no século 6 a.C., dizia: “Enquanto bebo o alegre vinho, os meus desgostos adormecem”. E nos Salmos se lê: “O vinho alegra o coração do homem”. Omar Kháyyám, no século 12, ensinava: “Não abandones nunca o mágico que tem o condão de conduzir-te ao doce país do esquecimento” .
E o grave Lutero pregava: “Quem não gosta de vinho, mulher e canção fica um tolo ao longo da vida”.
Rabelais era positivo: “Nunca homem nobre desdenha um vinho bom”.
Victor Hugo era definitivo: “Deus só fez a água, mas o homem fez o vinho”.
Voltemos agora a Roger Scruton.
Sobre a fruição estética de um cálice de vinho, observa que não é a mesma que temos diante de um quadro, um poema, uma sinfonia.
Mas o vinho está longe de oferecer um entorpecimento vulgar: o inebriamento não seria mero efeito do álcool, mas estaria associado a todas as sensações que a bebida provoca sobre o olfato e o paladar, no momento em que a tomamos. Há uma dimensão ritual no consumo do vinho, que remete ao culto grego de Dionísio e, é claro, à Eucaristia cristã.
E nada mais disse, nem nada lhe foi perguntado.
liberato.vieira@zerohora.com.br
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