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terça-feira, 18 de outubro de 2011
18 de outubro de 2011 | N° 16859
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Relendo Machado
Passei a semana relendo Machado de Assis. É provavelmente a vigésima vez que o faço, sempre com igual prazer e admiração. Agora, coloquei de lado os romances – como Memórias Póstumas de Brás Cubas ou Dom Casmurro, ambos merecedores de um lugar de honra na literatura universal – para me fixar nos contos.
Um Almoço ou Um Homem Superior, sem esquecer Miss Dollar e dezenas de outros caberiam sem favor numa antologia internacional do gênero. Até hoje não são reconhecidos.
Os organizadores dessas seleções preferem os autores do Primeiro Mundo, como bem agora o Prêmio Nobel foi parar nas mãos de um absolutamente desconhecido Tomas Tranströmer, um poeta sueco que foi incensado por suas “imagens condensadas”. As únicas coisas que conheço condensadas são os livros das Seleções do Reader’s Digest e o Leite Moça.
Tudo bem. Não defendo uma láurea post-mortem para Machado de Assis, mesmo porque isso não existe. O que existe é uma lenta, desconfiada apreciação de sua obra em universidades europeias e norte-americanas.
Ainda assim, algo modesto, quase recôndito, como se a Academia se achasse incapaz de julgar a obra do maior dos escritores brasileiros. De vez em quando pipocam elogios, como os de Woody Allen, mas é tudo.
Parece que o Hemisfério Norte, lá onde fica a chamada civilização, ainda não perdoou o gênio de um mulato epilético que teve a ousadia de ombrear-se, ou até mesmo de ultrapassar, os grandes autores reconhecidos pelo Circuito Elizabeth Arden.
Ninguém como ele retratou a complexa sociedade do Rio de Janeiro nas últimas décadas do século 19 e na primeira do século 20. Ninguém como ele pintou as contradições, os amores, a hipocrisia de uma metrópole tropical. Ninguém como ele desenhou o caráter, os mistérios, a beleza das mulheres que foram suas personagens.
Há uma ampla galeria de nulidades que são hoje estudadas e enaltecidas pelos donos da verdade. O gênio de Machado de Assis ainda espera a sua vez.
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