segunda-feira, 10 de outubro de 2011



10 de outubro de 2011 | N° 16851
PAULO SANT’ANA


Os desígnios de Deus

Pela teoria reencarnacionista, defendida pela doutrina espírita, nós todos somos jogados no mundo para cumprir um papel, fruto de outras passagens que tivemos aqui na Terra, outras vidas.

Na Bíblia, há um momento supremo em que Jesus decide se o princípio da reencarnação é legítimo: é quando os discípulos, diante de um homem que nascera cego, perguntam a Jesus: “Mestre, quem pecou para que ele nascesse cego, ele ou seus pais?”.

E Jesus respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais, mas isto se deu para que as obras de Deus sejam manifestas”.

De certo modo, Jesus refutou o princípio de que viemos à Terra para pagar pecados de outras vidas passadas, que foi o que insinuaram seus discípulos sobre o cego de nascença.

Diz que o cego não está cego por ter pecado, ele ou seus pais.

E afirma categoricamente, ao dizer que ele nasceu cego para que as obras de Deus sejam manifestas, que existem cegos, mudos, surdos, aleijados, por vontade de Deus, que dessa forma Deus administra seus desígnios.

Portanto, Jesus quis dizer que ao cego que nasce cego cabe conformar-se com sua cegueira, pois aquilo é desígnio de Deus.

Nesse ponto e em centenas de outros aspectos da Bíblia, residem mistérios insondáveis. Como, por exemplo: o que moveu Deus a criar um homem cego? Isso parece inexplicável.

Já afirmei numa coluna da semana passada, e em várias outras, que me torno estupefato quando vejo no mundo magros e gordos, feios e bonitos, altos e baixos, pobres e ricos.

Que mistério, afinal, levou Deus a criar tantas diferenças entre os homens?

Por que aqui um homem se mostra talentoso e ali adiante temos um homem sem nenhuma inteligência?

Por que uns são ágeis, outros lentos?

Eu tiro uma lição disso tudo: temos de viver a vida de acordo com as armas que ela nos deu, levando em conta também as desvantagens que ela estabeleceu para nós.

É intrigante esse mistério. Compreender-se-ia a criação se um homem que tivesse nascido talentoso fosse feio. Seria uma forma de compensação entre a vantagem e a desvantagem. Um homem que fosse belo e burro, dava para compreender.

Mas como é que vai se entender quando um homem nasce burro e feio ao mesmo tempo? Uma injustiça gritante, sem compensação.

Ou, então, quando uma pessoa nasce bela e talentosa ao mesmo tempo: há então uma grande e injusta diferença entre este último exemplo e o que nasceu burro e feio, a criação deu armas duplas e poderosas para um e desvantagem dupla e amassante para outro.

Não dá para entender.

E assim vão os mistérios bíblicos. O maior deles é por que Deus permite a existência do Diabo?

Ou por que, em outras palavras, Deus permite a existência do mal.

Ou por que Deus permite os terremotos, os assassinatos?

Mas não estarei eu pondo coisas demasiadas na conta de Deus? Não. Porque é a Bíblia que diz que tudo o que acontece na Terra provém da vontade de Deus.

É mistério que não acaba mais.

O melhor mesmo é a gente não querer entender sobre os desígnios de Deus.

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