sábado, 15 de outubro de 2011



15 de outubro de 2011 | N° 16856
NILSON SOUZA


Inesquecíveis

Voltamos à escola, eu e outros colegas de ofício selecionados pela editoria de Educação, para relatar aos leitores o que mudou da nossa época de iniciação escolar para agora. Foi mais uma alegria do que uma tarefa. Os relatos, que os leitores deste jornal puderam acompanhar no decorrer da semana, evidenciam a satisfação dos ex-alunos em regressar ao cenário de uma das mais gratificantes experiências da infância, que é o convívio com colegas e professores.

Pelo retorno que temos recebido, acredito que conseguimos passar bem a magia do primeiro contato com as letras e que muitas pessoas ligaram os nossos relatos com suas próprias experiências. Quem não sente saudade da sua primeira escola? Quem não tem lembranças saborosas daquele período encantado da meninice? Quem não tem uma professora inesquecível na parte mais protegida do coração?

Essa talvez tenha sido a tarefa mais difícil: eleger uma mestra ou um mestre que marcou para sempre a nossa vida. Todos, de alguma forma, deixam tatuagens afetivas na alma das crianças. As professoras – vamos, por justiça histórica, tratá-las no gênero feminino – celebram hoje o seu dia, confrontadas com as carências de sempre e com dificuldades agravadas pelo descaso das autoridades e das famílias.

Recebem salários insuficientes, trabalham muitas vezes em instalações precárias e, mesmo nas escolas melhor aparelhadas, convivem com crianças e adolescentes sem muitos limites. A violência escolar tornou-se uma triste rotina dos nossos dias.

Ainda assim, as professoras – e os professores, vamos fazer uma concessão a quem chegou depois – têm algo a comemorar neste dia especial: o orgulho pela escolha profissional que fizeram. Elas optaram por preparar muitos futuros que provavelmente não conhecerão. Elas abraçaram altruisticamente a missão de plantar sementes para que outros colham os frutos.

Lá no recôndito de suas almas, porém, elas guardam uma certeza que compensa toda a abnegação. Elas sabem que conquistaram para sempre os corações e as mentes das crianças que ensinaram. Só elas têm o poder, fora do ambiente familiar, de se tornarem inesquecíveis para os meninos e meninas que um dia responderam à chamada do conhecimento.

Professoras – e professores, vá lá –, os que foram tocados pela vossa magia vos agradecem.

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