Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
11 de outubro de 2011 | N° 16852
DAVID COIMBRA
Carreteiro de sobras não é o mesmo que de restos
Celso Roth, no Grêmio, preparou o carreteiro depois do churrasco. Colheu as sobras da churrasqueira já fria, arrancou-as do espeto com algum esforço e reuniu-as sobre uma tábua de madeira, picou dois salsichões, um palmo de picanha e um naco de vazio do tamanho de um iPhone, raspou a carne olorosa que teimava em agarrar-se ao osso da costela, juntou isso tudo a um refogado de cebola que já crepitava na panela de ferro em cima da melhor boca do fogão, mexeu carinhosamente.
Acrescentou talvez um cubo de caldo de carne e, quando o conjunto havia se transformado em um molho denso e escuro, quiçá salpicado de um punhado de pimentinha do reino preta, quiçá tornado ainda mais consistente por duas colheres de sopa de molho inglês, quando, então, o molho se encontrava nesse ponto inefável dos molhos, sobre ele derramou duas alentadas conchas de arroz branco como a inocência.
Aí foi só mexer e remexer com brevidade, fechar a panela com sua tampa pesada, diminuir o fogo e esperar o resultado simples, porém apetitoso.
Esse é o Grêmio de Roth em 2011: singelo e funcional.
O problema desse Grêmio é que ele foi construído a partir da escassez, não da fartura. Quando Roth não tem um dos ingredientes, como não teve no sábado, o resultado se altera, o carreteiro não fica tão bom como em outros dias. Aí o cozinheiro é que leva a culpa. A culpa sempre é do cozinheiro.
O Feiticeiro do Exército
Golbery do Couto e Silva (foto abaixo) gostava de repetir uma frase a respeito da natureza do Exército, naqueles tempos em que a natureza do Exército fazia diferença nos rumos do país.
– O Exército é como um navio – ensinava o “Feiticeiro”. – Ele fica imóvel até que se mexe um milímetro em alguma direção. Então o resto vai junto.
Nem todas as entidades se movimentam assim, em bloco, como o Exército, que tem níveis e subníveis tão rigidamente encaixados e dependentes uns dos outros. Mas as decisões estratégicas fazem, sim, com que uma entidade, uma empresa ou um clube se modifiquem no todo, em todas suas instâncias, com profundidade decisiva.
Por isso um estádio novo, melhor e maior, faz com que o time seja novo, melhor e maior. O rearranjo patrimonial faz o clube inteiro se rearranjar. O que está obsoleto é naturalmente descartado – afinal, o clube está se renovando. O que funciona ganha mais valor – afinal, é a partir dos antigos méritos que o clube está crescendo.
A Arena do Grêmio e o novo Beira-Rio farão Grêmio e Inter ingressarem em outro patamar, acredite.
Duas novidades
Houve duas velhas e boas novidades nos jogos de Grêmio e Inter: Gilberto Silva de zagueiro e João Paulo na linha de três meias.
O Grêmio perdeu, mas Gilberto Silva foi um gigante. Com sua sabedoria de jogo, é o melhor colega para Saimon no meio da área.
O Inter já vinha bem, mas quando João Paulo entrou foi como se o time tivesse sofrido uma descarga elétrica. Com sua juventude, é o melhor colega para Oscar atrás do ataque.
Todos quase ruins
O Coritiba é o melhor time ruim do Brasil. O que é muito para esse Campeonato Brasileiro. Há outros times um pouco melhores, alguns até bons times. Nenhum time muito bom.
No fim de cada campeonato, qualquer campeonato, o campeão é chamado de “O Grande Campeão”.
No fim desse campeonato, qualquer que seja o campeão, ele não será grande. Será “o pequeno campeão de 2011”.
Ninguém merece ser campeão nesse Brasileiro. Se houvesse justiça, seria apurado só do segundo lugar para baixo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário