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sábado, 22 de outubro de 2011
22 de outubro de 2011 | N° 16863
NILSON SOUZA
Folha em branco
Milhares de estudantes que enfrentam neste fim de semana o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estarão amanhã diante de um dos terrores da vida escolar: a folha em branco. Naquele espaço fatídico (não usem esta palavra, por favor), eles terão que fazer uma redação de próprio punho para provar que sabem se comunicar por escrito em bom português e que são capazes de se posicionar sobre a realidade que os cerca. Na condição de quem se vê diariamente confrontado com esse desafio, por dever de ofício, me atrevo a deixar duas ou três sugestões para a garotada nesta crônica sabatina.
A primeira delas é resposta que sempre dou quando um jovem vem me dizer que não sabe nem como começar um texto:
– Conte para um amigo! – respondo.
Um truque elementar para destravar o cérebro é a gente escrever como se estivesse contando um episódio qualquer para um amigo. Claro, numa redação formal é preciso ter cuidado para não cair na armadilha das gírias, dos clichês e das repetições, mas ajuda bastante usar uma linguagem simples e evitar termos que não são do vocabulário usual do autor.
Outra coisa que costumo esclarecer aos angustiados redatores é que ninguém escreve bem sem um pouco de sacrifício. Juntar as letrinhas é sempre difícil, inclusive para quem faz isso todos os dias. Mas também é muito gratificante constatar que aquilo que escrevemos faz sentido para as outras pessoas e, às vezes, até as emociona.
O esforço, portanto, faz parte do processo de escrita e tem que começar bem antes do confronto com a folha em branco. É essencial, para quem precisa superar esse desafio, dominar o conteúdo gramatical, saber concordância nominal e verbal, não tropeçar na ortografia, caprichar na pontuação e na acentuação. Com esse instrumental nas mãos (e na cabeça), é só fazer o óbvio: ler o enunciado com atenção, formular uma tese clara, desenvolvê-la e defendê-la.
A redação exige uma conclusão e um posicionamento do autor. Mas não está terminada quando a gente coloca o ponto final. Aí, é preciso fazer um exercício de humildade: reler, cortar tudo o que não for cavalo (a sábia lição do escultor grego Phídias) e, o mais importante, passar para o lugar do amigo que está “ouvindo” a sua história.
É pelo olhar do leitor – e não do autor – que a redação tem que fazer sentido, ter uma mensagem clara e cumprir o seu propósito de comunicar. Senão, mesmo com linhas e parágrafos, ela continuará sendo uma folha em branco.
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