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sábado, 22 de outubro de 2011
22 de outubro de 2011 | N° 16863
PAULO SANT’ANA
Poema na madrugada
O fotógrafo Tiago Trindade, dono de um estúdio e credenciado por diversas associações jornalísticas, me escreve, reclamando de que quer fotografar eventos no interior da Igreja São José, em Porto Alegre, mas o pároco não lhe concede licença. Lá só podem atuar fotógrafos credenciados pela igreja, que já são muitos, não havendo mais lugar para outros.
Escreveu-me para quê? Que posso fazer por ele? A não ser talvez dar este destaque que estou dando neste canhão que é esta coluna.
Mas eu escrevi isso porque quero concluir o seguinte. Noto fotógrafos brigando por fotografar casamentos em igrejas, fazendo de tudo para fotografar casamentos nas igrejas.
São ansiosos por fotografar casamentos, mas não vejo nenhum fotógrafo vir até mim para fotografar o meu celibato.
Fotografariam cada cena do meu celibato!
Essa inspiração me surgiu agora,
De madrugada:
Eu já sei o caminho.
Por isso não tenho surpresas.
Já sofri ingratidões,
Já fui traído, igualmente traí.
Agora mesmo estou passando por grande infortúnio.
E nem sei como reuni forças para enfrentá-lo.
Outra vez, me aprisionaram
Numa camisa de força
De que ainda não pude me livrar.
Tristeza, poxa, se fosse só tristeza
Que eu tivera!
Bati contra coisas mais graves
Povoando a minha mente.
Tive agonias. Quase tombei
Em face de calúnias e mentiras
Que inventaram sobre mim.
Mas ainda nos lábios das gentes
Afloram muitas verdades a meu respeito.
Fui vaiado mas também
Tive aclamações.
Dividi o palco, como intruso bem-vindo,
Com grandes artistas.
Quase não posso sair às ruas,
Todos querem me saudar.
Valeu a pena, aqui estou ainda
A colher os frutos e os castigos
Dessa longa caminhada.
Quantas vezes ouvi dela: “Não me deixa
Nunca, pelo amor de Deus!”.
E quantas vezes eu disse a ela:
“Não me deixa nunca, pelo amor de Deus”.
Nos deixamos.
Vivi, sofri, tive filhos, tenho netos
Que vão me suceder nas esperanças.
Vim e ainda não fui.
Será que resta algo mais a ser vivido?
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