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quinta-feira, 13 de outubro de 2011
13 de outubro de 2011 | N° 16854
LETICIA WIERZCHOWSKI
Par ou Ímpar
Chegou coisa boa. Kleiton & Kledir, essa instituição gaúcha adorada do Oiapoque ao Chuí, essa dupla de guris queridos, finalmente – e deliciosamente –, resolveu se aventurar pelos caminhos do mundo infantil. A novidade é Par ou Ímpar, primeiro trabalho de K & K voltado para os pequenos, muito embora os papais possam também tirar uma lasquinha desse divertido disco.
São 12 músicas inéditas, uma mais joia do que a outra. Tem mágico, tem bicho de tudo quanto é tipo, tem bruxa, tem formiga atômica (lembram?), até trova tem – a divertida Trova do Guri e da Guria. Bonito, surpreendente e engraçado, Par ou Ímpar já toca sem parar aqui em casa.
De tanta música legal, a minha preferida é Bicho Gente. Conta que, desde que o mundo é mundo – e já inundava, vejam só –, havia por aqui essa multiplicidade de seres que se intercambiam e se relacionam numa boa. Assim como as nossas crianças crescem num mundo quase sem fronteiras geográficas, convivendo alegremente com pessoas de todos as raças, crenças e culturas, também os animais faziam naqueles tempos bíblicos. Como é que diz a música mesmo?
Na arca de Noé havia de tudo, esse é o nosso mundo, assim a vida é. Mas Par ou Ímpar é um disco para crianças, então preciso dizer que a música preferida do meu filho Tobias, de três anos, é Pirulito Esquisito. Afinal, qual criança não morreria de rir ante a possibilidade de chupar um pirulito de sabão, um pirulito de capim ou um pirulito... de chulé!
Recentemente, muita gente boa tem feito ótimos trabalhos infantis (Adriana Calcanhotto, com seus dois Partimpim, Arnaldo Antunes & trupe com o ótimo Pequeno Cidadão), mas Kleiton & Kledir não deixaram por menos: ao voltarem a esse misterioso país chamado infância, trouxeram na mala algumas pérolas. Enfim, Par ou Ímpar é um disco com um vocabulário, um jeito, sei lá, que me levou de volta à minha própria, saudosa e perdida infância.
Alguma coisa das noites ao pé do fogo com o meu pai, das festas de bairro, das brincadeiras de quintal, alguma coisa ressurge em mim sempre que o disco toca por aqui. Porque aqueles guris falam como a gente falava, e em cada música há uma surpresa e uma sensação de reconhecimento, de afinidade...
Adorei. Está certo, não sou o público alvo, mas meus filhos adoraram ainda mais. Adoraram como adoram as crianças: cantando e dançando pela sala, como se estivessem num picadeiro de circo. Então, se você tem filhos, aqui fica a dica. Se não tem, os sobrinhos podem ser uma ótima desculpa!
leticiawierz@bol.com.br
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