quinta-feira, 20 de outubro de 2011



20 de outubro de 2011 | N° 16861
CLAUDIA TAJES


Cabelo de jogador

Não é de hoje, como já mostravam, há vários anos, as cabeças dos então jogadores Biro-Biro, Vampeta e Valderrama, o goleiro colombiano com cabelo de Elba Ramalho. Mas talvez tenha virado fenômeno depois que ele, Ronaldo Fenômeno, usou o pior corte de todas as Copas na edição em que o Brasil foi Penta. Lembra?

Um tufo sobre a testa e o resto do coco pelado, bizarra criação que logo foi copiada pelos meninos do país. Verdade é que, de uns tempos para cá, tem jogador de futebol que se destaca mais pelo penteado do que pela habilidade com a bola.

Não é o caso de Neymar, do Santos, de moicano e dribles famosos. Basta o Neymar mudar o cabelo para ser imitado por uma legião de outros jogadores e fãs. O estilo Neymar encheu as ruas de genéricos dele. Desconfio mesmo que o entregador da última pizza que chamamos aqui em casa era o Neymar em pessoa. Quase pedi um autógrafo e uma foto para mostrar aos amigos.

Tenebroso é o penteado do Ronaldinho, do Flamengo. Dizem que o R9 não apara as pontas, nem usa aparelho nos dentes, porque o patrocinador não permite: as benfeitorias alterariam a imagem consagrada mundialmente.

No último sábado, depois de ter seu coque desfeito por um jogador do Ceará, Ronaldinho revidou e foi expulso. Onde se viu mexer na cabeleira de um ídolo? Mais cabelos dignos de má nota: os de Fábio Ferreira e Cortês, do Botafogo. O de Carlinhos Paraíba, do São Paulo. O de Kempes, do América Mineiro. E segue a lista.

Para quem não acompanha futebol ou não conhece os cabelos citados, vale uma passadinha pelo Google. Nem que seja para impedir que um corte desses vá parar na sua cabeça.

Se não existem assuntos mais palpitantes no esporte? Claro que sim. Obras de estádio empatadas, ataques sem gols, ministro denunciado, roubo do material de competição do Marcel Stürmer (isto é incrível), a Copa do Mundo que vai deixar alguns poucos ainda mais ricos. Tanto quanto a política, o esporte também dá uma medida do que a gente é, no fim das contas.

E, a se julgar pelos cabelos e pelos fatos, a coisa está feia.

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