quinta-feira, 7 de julho de 2011



07 de julho de 2011 | N° 16752
L. F. VERISSIMO


Exceções

O sucesso de gente como Maradona, Romário e Messi já deveria ter sepultado a velha dúvida: que tamanho deve ter um jogador de futebol? Ser baixinho não prejudicou nenhum dos citados, e há muitos outros exemplos de jogadores com pouco corpo que se deram bem. Em alguns casos, muito bem. Quem ainda pensa que há um tamanho ideal para jogador de futebol pode se refugiar na frase “Futebol é para quem tem no mínimo 1m75cm – salvo exceções”.

Com Neymar, a mais notória exceção do momento, o assunto volta a ser discutido. Neymar é um fiapo. Não lhe falta só altura, faltam largura e profundidade. Messi, a outra exceção indiscutível, pelo menos é troncudo.

Neymar não tem nada que possa se chamar de tronco. Sua habilidade é enorme porque precisa compensar a falta de altura e a falta de tronco. Ele não era nem para ter se criado, o que dirá ser atleta. A grande esperança do futebol brasileiro nesta Copa América é uma anomalia sobre duas pernas. Finas.

Estou escrevendo antes de Argentina e Colômbia, sem saber se o Messi acabou com o jogo ou decepcionou de novo, como na estreia. Acho que o problema do Messi, que nunca jogou pela Argentina o que joga no Barcelona, começa no hino. Preste atenção na sua cara quando tocam o hino argentino. Ele não sabe o hino. Ele nem tenta fingir que está cantando, que mesmo longe da pátria não esqueceu a letra. Fica com uma expressão de visita.

E acaba jogando como visita, bem-educadamente, não querendo parecer muito saliente na casa dos outros. Messi, na seleção argentina, é um jogador constrangido. Mas é claro que se ontem ele cantou o hino com fervor e acabou com o jogo eu retiro tudo o que disse.

Neymar e Messi são as duas principais estrelas em potencial desta Copa América. Dependendo do que fizerem, os que insistem que o tamanho importa voltam à carga, ou calam-se para sempre.

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