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quarta-feira, 1 de junho de 2011
FERNANDO RODRIGUES
Seis meses e uma crise
BRASÍLIA - Dilma Rousseff inicia hoje o sexto mês de mandato. Enfrenta também sua primeira crise real. É um enguiço de natureza exclusivamente política.
O ministro mais forte do governo, Antonio Palocci, é execrado todos os dias no Congresso. O PMDB, principal partido aliado, saliva em profusão sonhando com mais poder e cargos. Lula fez um convescote em Brasília e sapecou em Dilma a pecha de presidente frágil e sem capacidade de articulação.
A prova da fraqueza se materializou na votação do Código Florestal. O governo foi humilhado por sua própria base de apoio.
Grupos internos no PT se digladiam. Posicionam-se para herdar o futuro espólio no caso de queda de Palocci. Petistas como Eduardo Suplicy cometem sincerocídio. Vazam minúcias sobre o faturamento do ministro da Casa Civil. Há um desarranjo completo na política. Essa é a única área na qual um presidente não está autorizado a errar.
Apesar da maré negativa, há um consolo para Dilma. Ela enfrenta as vicissitudes num clima de razoável estabilidade econômica. A inflação está além do esperado, mas ninguém ousa prever uma crise.
Só que a economia sozinha não basta. Dilma sabe. Já começou a se dedicar a uma tarefa pela qual não demonstra ter nenhum prazer: receber políticos para jantares, almoços e reuniões intermináveis. Gastará seu tempo para ouvir o raciocínio helicoidal de deputados e de senadores. A opção seria reformular já seu staff político dentro do Planalto. Passaria um recibo de que sua escolha inicial foi ruim.
Do ponto de vista político, a presidente está, portanto, encalacrada. Não tem como descartar Palocci ou qualquer outro ministro no momento. Terá de se desdobrar e assumir ela própria a condução de negociações com o Congresso. É um risco enorme. Fica sem anteparos. Um quadro ruim para quem apenas começa seu sexto mês de um mandato de quatro anos.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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