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sábado, 11 de junho de 2011
11 de junho de 2011 | N° 16726
PAULO SANT’ANA
Os galetos minúsculos
Ontem, desafiei os astros e fui a favor de Cesare Battisti, quando 90% da opinião pública está contra.
Não posso mexer em abelheiras dois dias seguidos, por isso, hoje, vou abordar um assunto ameno que me interessa profundamente: galetos.
O melhor galeto de Porto Alegre, depois que o Régis foi para Atlântida, é a Casa do Marquês, na Marquês do Pombal.
É disparado o melhor e bateu até aquele da esquina da Quintino Bocaiúva com Casemiro de Abreu, que durante muito tempo foi o da minha preferência.
Mas acontece que com os galetos se dá o seguinte: por melhor que um deles seja, nós queremos um diferente.
É o meu caso. Eu adoro a polenta do Marquês, eu me delicio com seus pasteizinhos de queijo, a salada é fresca e a massa até que poderia ser melhor (é impressionante, nunca se viu na história do Rio Grande um galeto que fosse ótimo e servisse também ótima massa, nunca!).
Mas eu ando atrás de algo diferente.
Já me disseram que existe um grande galeto no DC Shopping, no bairro Navegantes, o Santa Maria, que é notável. Não fosse porque sempre me perco na Ponte do Guaíba, iria lá.
E eu tinha comido um estupendo galeto, levado pelo Paulo Zarif, na Dr. Timóteo 175, mas depois me embaralhei, achando que ele tinha se mudado e nunca mais fui lá. Mas me disseram que permanece lá. Se isso é verdade, vale a pena, é um lugar simples, mas se come bem galeto com polenta. O nome era (ou é) Piccola Cucina.
Eu estou dando dicas preciosas para meus leitores. Porque galeto não existe nenhum em Buenos Aires, nenhum em Punta del Este, nenhum em Montevidéu, nenhum no Rio e em São Paulo.
Então, é uma dádiva que existam alguns maravilhosos em Porto Alegre.
Porque, em realidade, o galeto foi fundado em Caxias do Sul, mas a maioria dos galetos caxienses não são galetos, são pedaços enormes de galinha, quando se sabe que para ser galeto a avezinha tem de ser minúscula. Por servir galetos enormes na maioria de seus estabelecimentos, Caxias do Sul foi perdendo aos poucos a primazia em galetos no Sul.
O galeto é um maná dos céus, por isso é que me preocupo tanto com ele.
Vejam que no momento em que faço radioterapia e, rigorosamente, perdi inteiramente o paladar, é neste instante que resolvo fazer uma coluna, esta de hoje, inteiramente sobre comida.
Deve ser por nostalgia do tempo em que podia comer e me deliciar com pratos saborosos.
Um dia há de me voltar o paladar. E então vou voltar a devorar galetos com o ímpeto com que sempre os devorei nos meus anos de ouro.
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