quarta-feira, 29 de junho de 2011


Eliane Cantenhede

E nós com isso?

Nós, os leigos, que fazemos compras em supermercados, pagamos a mais alta taxa de juros do planeta e morremos em impostos extorsivos, precisamos saber -- e entender-- o que afinal o BNDES pretende ao liberar R$ 4 bilhões para o empresário Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, comprar o Carrefour.

Será que é para baratear os preços de verduras, frutas, arroz, feijão, carne, produtos de higiene, material de limpeza e eletrodomésticos, por exemplo?

Improvável, pois, com o Carrefour e o Pão de Açúcar juntos, não há concorrência. Você aí acha que eles vão ajustar seus preços pelo menor ou pelo maior? Dá um chute. Pelo óbvio, tudo deve ficar mais caro.

Será, então, que os fornecedores vão ter melhores chances de barganha para seus produtos?

Improvável, pois os dois gigantes, unidos, vão poder pintar e bordar, além de impor seus valores a seu bel prazer. De novo, questão de mercado e competição, ou de não competição.

Ah! Então é porque a fusão vai gerar empregos no país inteiro?

Improvável. Ao contrário, aliás. Quando houver uma loja do Carrefour ao lado de outra do Pão de Açúcar, é mais do que razoável imaginar que uma das duas vá fechar. E os empregados vão dançar --no olho da rua.

Enfim, essa operação toda precisa ficar devidamente clara, à luz do dia. Até porque o BNDES, que é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, deve explicações ao excelentíssimo público sobre como está empregando os recursos com vistas --veja bem-- ao desenvolvimento tanto econômico quanto social. A fusão se encaixa aí?

A graninha boa que o BNDES está despejando corresponde a 85% do capital para concretizar o negócio, e o super-gigante resultante dos dois gigantes terá nada mais nada menos que 32% do varejo nacional.

Agora é que nós, os leigos, vamos ver se o Cade é mesmo para valer. No mínimo, queremos respostas para entender tudo direitinho, certo? Até porque, no final, nós é que vamos pagar a conta.

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