Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
27 de junho de 2011 | N° 16742
KLEDIR RAMIL
Atchim
Minha mulher até hoje se assusta com meu espirro. É que sou um adepto do espirro criativo. Espirro criativo é uma performance artística áudio-coreográfica, que aproveita a oportunidade para transformar o que seria um simples ato reflexo do corpo humano em uma obra de arte.
Como sou um sujeito que convive com um processo crônico de sinusite alérgica que fecha meu nariz, costumo desfrutar ao máximo toda vez que a vida me proporciona o prazer e a liberdade de um espirro, um minifuracão que chega a atingir a espantosa velocidade de 150 km/h.
Aprendi desde criança que trancar espirro é um perigo, pode descer pro... pras partes de baixo. Quando vem aquela vontade, tem que deixar sair. E aproveitar a ocasião. Um espirro bem dado é quase um orgasmo. Comentei isso com um amigo e ele me retrucou: “Ou eu não sei espirrar direito, ou você nunca transou na vida”.
Acho um desperdício soltar apenas um atchim discreto quando se pode criar uma ópera, uma peça sinfônica. Ontem mesmo soltei um rasqutiamaniafructieblon!!! Em alto e bom som. Minha alma, em enorme euforia, saiu junto pelas fossas nasais.
Graças a Deus consegui agarrá-la a tempo e fazê-la retornar às suas funções de origem. Às vezes, aproveito para prestar alguma homenagem, lembrando celebridades como Rachmaninoff, Dostoiévski ou até mesmo para exorcizar alguns demônios, como Olarticoechea.
Em cada país, o espirro tem sua sonoridade típica. Na França se diz atchum, na Alemanha, hatschi e, nos Estados Unidos, atchoo. No Japão é hacushon, na China, penti e, na Tailândia, hutchew.
Ou seja, quando você for viajar, procure estudar a maneira correta de espirrar em língua estrangeira, senão você vai ficar sem as respostas simpáticas, do tipo “Saúde”, “Deus te crie... pro bem, porque pro mal já está criado”.
O nome do espirro é uma onomatopeia que tenta reproduzir o som que é emitido na hora do orgasmo, quer dizer, do ato reflexo. E, como toda onomatopeia, é passível de interpretações variadas. É aí que entra o espirro criativo. Todo mundo tem o direito de escolher o som que vai emitir. Você não precisa ficar condicionado a um simples atchim. Liberte sua alma. Invente seu próprio espirro. Personalize, customize. Enfim, divirta-se um pouco. Afinal, dizem que o mundo vai acabar em 2012.
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