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quinta-feira, 9 de junho de 2011
09 de junho de 2011 | N° 16724
PAULO SANT’ANA
Vingança
Eu noto que os homens são muito mais vingativos que as mulheres.
No entanto, as mulheres sentem muito mais desejo de vingança que os homens.
Os homens levam mais à frente os seus desejos de vingança.
As mulheres desistem dele no meio do caminho.
Esses dias, cometi um deslize com a minha amiga Bela, a Maria Isabel Hammes.
Foi uma pequena ofensa. Ela deixou de falar comigo. Vi, então, que eu tinha pisado no tomate.
Ficamos cinco dias sem nos cumprimentar. Passado o quinto dia, ela veio correndo até mim e disse: “Não aguento mais, não posso ficar longe da tua amizade, portanto estou voltando a falar contigo. Esquece o pouco que houve”.
Mas não é bonito isso?!
A pior coisa que existe num desentendimento é a retaliação.
A retaliação contém o risco de um outro revide e o incidente pode virar em ressentimento. Daí para o ódio, é apenas um passo.
Existe um segredo para não deixar que um desentendimento prospere, um dos litigantes tem de ter o gesto humilde: “Desculpe!”.
O pedido de desculpas é a chave de abertura da porta da reconciliação. Eu sei que não é fácil, às vezes, pedir desculpas. Mas tem de pedir. O pedido de desculpas é água fria jogada sobre o desentendimento.
Muitas vezes, chegam às raias da idiotice recíproca: duas pessoas que no fundo se apreciam ficam de mal durante meses, anos, frequentemente para toda a vida.
Por simples caprichos, deixam de curtir uma amizade tantas vezes produtiva.
Um emburrado virado para cá, o outro emburrado virado para lá. E o pior é que muitas vezes isso se dá com as pessoas frequentando diariamente o mesmo ambiente: no emprego, no sindicato, no condomínio, nas relações em geral.
E pior ainda quando deixam de se falar e moram na mesma casa.
Não há nada mais injustificável.
Amenizando, o nosso genial poetinha, Lupicínio Rodrigues, construiu a maior composição de sua carreira, no meio do século passado, em cima desse tema abordado por esta coluna hoje.
Aquele samba de Lupicínio foi gravado em vários idiomas, até em japonês, e tinha um final dramático:
Mas enquanto houver força em meu peito
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Você há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar.
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