terça-feira, 28 de junho de 2011



28 de junho de 2011 | N° 16743
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


As melhores lembranças

Há poucas coisas mais agradáveis do que uma festa de família, aí incluídos os amigos mais próximos. Foi o que aconteceu nos cinco anos bem celebrados de minha sobrinha Olívia. Uma aprazível comemoração reuniu, no apartamento amplo, misto de estúdio, da Avenida Independência, pessoas que tinham experiências comuns de vida e outras ligadas pelos laços duradouros e bonitos da amizade.

Criou-se um clima mágico de alegria, uma suave sintonia de sonhos e de realidade. Na hora de arte, que sempre ocorre nessas ocasiões, meu neto Santiago revelou-se um excelente pianista, no que foi coadjuvado pelo elenco de meninos e meninas, ótimos na interpretação das canções.

Atento, na plateia, fiquei pensando por que a vida não podia ser sempre assim: horas encantadoras de deslumbramento e aconchego, sem prazo nem tempo.

No outro dia, presenciei a batalha feroz de dois motoristas. Ao que parece, um havia barrado a ultrapassagem de outro numa avenida movimentada e agora ambos se digladiavam numa raivosa batalha verbal.

Não esperei para ver o fim do combate, mas refleti que os dois estavam possuídos de uma ira insana e desarrazoada.

É esta a cidade em que vivemos: para alguns, uma selva. Leio em Zero Hora sobre a impressionante quantidade de homicídios, o alarmante rol de latrocínios. Lamento ainda mais a saga das mães que têm de acorrentar seus filhos para que não vendam o casebre onde moram para, com o produto, comprar crack. Não se trata de um monopólio das classes menos privilegiadas. Gente diplomada é prisioneira da droga.

Mas, passados estes parágrafos sombrios, a que eu poderia acrescentar muitos outros, deixem-me voltar para a festa de Olívia. Gerou-se todo um ambiente de confraternização e entendimento. Surgiram, do fundo do baú das memórias, histórias aparentemente esquecidas, mas que reinventavam nossa trajetória como família, mais as contribuições dos amigos.

Foi quando eu me dei conta de que existir poderia ser um permanente aniversário, em que pessoas convocavam suas melhores lembranças.

Algum dia, Olívia será uma moça.

Só gostaria de que ela então recordasse um sábado bonito, em que todos nós lhe desejamos, no Parabéns a Você, toda a felicidade do mundo.

Ainda que com todo esse frio uma terça-feira gostosa para você.

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