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sábado, 18 de junho de 2011
18 de junho de 2011 | N° 16733
CLÁUDIA LAITANO
Despedidas
Sair de cena de forma trágica e inesperada é provavelmente uma das melhores estratégias de marketing que já inventaram. É o que a gente poderia chamar de “modelo James Dean” de administração de carreira, sintetizado em uma frase que ficou quase tão famosa quanto seu autor: “Viva rápido, morra jovem, deixe um cadáver bonito”. Aos 24 anos, James Dean seguiu à risca a própria receita – deixando três filmes e um Porsche destruído em um cruzamento.
A despedida precoce pode manter viva a fama de um artista até muito depois de sua morte, é verdade, mas tem o considerável inconveniente de abreviar todo o resto. (Se pudesse escolher, é provável que o próprio James Dean tivesse preferido sair daquele acidente mais vivo e menos lendário.) Situação oposta à do ídolo que morre jovem e intocado pelas marcas do tempo vive o artista que assiste à própria decadência.
O escritor Philip Roth, com uma longa e produtiva carreira de mais de 40 anos, exorcizou o medo de perder seu “mojo” no livro A Humilhação (2009), em que o personagem Simon Axler, um renomado ator de teatro, percebe, aos 65 anos, que subitamente perdeu o talento de atuar.
Saber como e quando sair de cena torna-se um dilema cada vez mais frequente em uma época em que não apenas vivemos mais e nos aposentamos mais tarde, mas aprendemos a associar, às vezes equivocadamente, sucesso profissional com satisfação pessoal.
O desfecho de uma carreira é percebido como um pequeno suicídio ou uma pequena eutanásia – uma morte simbólica, acompanhada não apenas como espetáculo, mas como cerimônia fúnebre. Como em todas as cerimônias fúnebres, choramos não apenas por quem se vai, mas pela desconfortável lembrança de que somos, todos, irremediavelmente provisórios.
Nas últimas semanas, assistimos a duas despedidas, encenadas em circunstâncias diferentes, mas vividas de forma igualmente intensa e espetacular. Ronaldo Fenômeno abandonou o futebol depois de esgotar todos os recursos com os quais foi abençoado pela natureza, encerrando uma carreira de altos e baixos e sucessivas reinvenções.
Jogou até a última gota de talento disponível, mas quando se despediu da Seleção, na semana passada, conseguiu fazer com que o torcedor visse em campo não o ex-atleta acima do peso e já sem fôlego, mas o herói que Ronaldo um dia foi.
Já a apresentadora Oprah Winfrey despediu-se do programa diário depois de 25 anos e antes de qualquer sinal perceptível de decadência. Anunciou a despedida com um ano de antecedência e transformou a última temporada do show em uma espécie de celebração contínua do próprio sucesso.
Oprah, 57, e Ronaldo, 34, serão sempre medidos pelo que fizeram até aqui, um trecho relativamente curto de suas vidas, mas saíram de cena respeitando o próprio passado e a devoção do público. Todo Carnaval tem seu fim, mas apenas os mais afortunados têm a chance de coreografar a própria Quarta-Feira de Cinzas.
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