Entrelacos

11 de junho de 2011 | N° 16726
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES

Meu casamento

Vou me casar outra vez.

Volto a casar amanhã

Que é o Dia dos Namorados.

Já tive dois casamentos

Que terminaram em divórcio

Mas não foram fracassados

Pois me deram filhos lindos

Frutos do amor, muito amados.

Vou me casar amanhã

Já pela terceira vez.

Tenho setenta e seis anos

E conto para vocês

Não me sinto velho ainda

Em nada mesmo. Talvez

Não seja causa da idade

mas do AVC – dois ou três.

Monto com dificuldade

Mas depois que pego o estribo

E enfio o pé – sou torquês

Mais firme do que uma estátua,

Mais forte que os AVC’s.

Vou me casar outra vez.

Agora é a ultima vez.

Não sei se meu casamento

Vai durar mais que um momento

Pela idade que já tenho.

Não sei se meu desempenho

Vai diminuir. Mas falhar

Garanto que não vai, não.

Gringa, morena e bonita,

Herdeira daquela Anita

A noiva é meu coração.

Ana, Anita, Anitinha,

Com o porte de uma Rainha

A erguer o meu cetro do chão.

Com ela eu caso amanhã.

Depois dela, ninguém mais.

Quer dizer: não é demais

Pensar em outra consorte,

Aquela chamada Morte

Nas bodas do Nunca Mais.

Esta Magra, quando vier

Apesar da triste fama,

Se ela for mesmo mulher

Pode acabar na minha cama...

Vou me casar amanhã

E seja o que Deus quiser!