sexta-feira, 17 de junho de 2011


Jaime Cimenti

Primeira versão integral brasileira de romance de Henry Fielding

A História das Aventuras de Joseph Andrews e seu Amigo o Senhor Abraham Adams, romance do escritor inglês Henry Fielding, autor, entre outros, da obra-prima A História de Tom Jones, em primeira versão brasileira, revela as raízes do autor que é considerado o criador do romance inglês. Fielding nasceu em 1707, filho de um general que descendia de uma família nobre arruinada, e abandonou os estudos de Direito para ganhar a vida como autor dramático.

Suas comédias, farsas e paródias estavam impregnadas de traços mordazes contra os escritores e dramaturgos da época. Censurado pelo governo inglês, Fielding deixou o teatro para dedicar-se ao romance lançando, em 1742, História das Aventuras de Joseph Andrews, que antecipou seu grande clássico A História de Tom Jones, publicado em 1749 e que o colocou como um dos grandes romancistas da literatura universal.

Coeditado pela Ateliê Editorial e pela Editora Unicamp, Joseph Andrews faz parte da coleção Clássicos Comentados. Com tradução, introdução e notas de Roger Maioli dos Santos, a narrativa de reconhecida importância história é uma autodeclarada imitação de Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, e mostra como teria vivido o cavaleiro andante na Inglaterra do século seguinte.

Como coadjuvante Fielding coloca um distraído pároco rural que viria a consagrar-se como uma das máximas criações cômicas da literatura inglesa: o pastor Abraham Adams, erudito, caridoso, ingênuo e pavio curto, sempre pronto a distribuir sermões ou bordoadas, conforme a ocasião. Joseph Andrews, o personagem-título, é uma resposta a outro romance famoso, Pamela, de Samuel Richardson. Joseph passa a ser o irmão de Pamela, lacaio de uma dama de província que vem provar que a virtude entre os Andrews é de família.

Ele resiste às prementes investidas da patroa e, por isso, é corrido de casa e lançado na estrada. Ele se unirá ao pastor Adams e à amada Fanny, numa trama cômica e panorâmica que é uma alternativa ao sisudo e constrito Pamela.

Além da importância histórica e das fundas raízes literárias de Fielding, amante dos clássicos, dramaturgo decadente e polemista incorrigível, a obra mostra a Inglaterra rural e urbana de meados do século XVIII e examina as virtudes e os vícios ingleses, muitos universais. Ao lado de Robinson Crusoe, Moll Flanders, Tom Jones e Pamela e Clarissa, Joseph Andrews é uma das obras capitais da fase de ascensão do romance inglês.

A edição encadernada, comentada, com ilustrações de artistas, permite aos leitores brasileiros a visão da época através da franqueza impiedosa e do saudável bom humor de Fielding. Ateliê Editorial, www.atelie.com.br.

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