sexta-feira, 10 de junho de 2011



10 de junho de 2011 | N° 16725
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


Falência múltipla

A morte de Teresinha Romani, 48 anos, não fez disparar apenas o alarme para a volta da gripe A ao Estado e a necessidade de as pessoas se vacinarem. Chamou a atenção o fato de a mulher de Anta Gorda ter sido levada para Três Passos porque era essa cidade da Região Celeiro a mais próxima a oferecer uma vaga de UTI pelo Sistema Único de Saúde. Foram 330 quilômetros de ambulância .

Já seria terrível se fosse um caso excepcional, mas não é. Como se não bastassem os deslocamentos para fazer exames sofisticados ou consultas especializadas nos grandes centros, a ambulancioterapia foi estendida às UTIs.

Registre-se que, segundo o secretário da Saúde, Ciro Simoni, não foi a viagem que matou Teresinha, mas – provavelmente – a demora em descobrir que estava com o vírus H1N1. Quando foi removida para uma UTI em Três Passos, era tarde demais.

O secretário ressalta que as ambulâncias que transportam pacientes em estado grave são UTIs móveis, com médico e equipe de enfermagem. Foi a forma encontrada para não deixar sem atendimento pacientes que precisam de tratamento intensivo. A Central de Leitos identifica o hospital mais próximo que oferece a vaga, e o doente é removido. Ciro reconhece que isso não é solução. E cobra do Ministério da Saúde o aumento das vagas em UTIs.

Esse vaivém é mais frequente do que se imagina. A médica Maria Rita de Assis Brasil, vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, informa que 10% dos pacientes que precisam ser removidos para outras cidades em busca de vagas em UTI viajam mais de 300 quilômetros.

A falta de vagas em UTIs é apenas uma face da crise na saúde. Que não é nova, nem se limita às fronteiras do Estado. A rotina de emergências lotadas, com pacientes atendidos em macas nos corredores, se agrava a cada inverno, com o aumento das doenças respiratórias. Agora, com a morte confirmada de duas pessoas pela gripe A – e a suspeita de uma terceira –, o que já era difícil tende a piorar.

Aumento de R$ 0,01

É dura a vida de professora estadual, como mostra o contracheque da aposentada Belanise Bastiani do Prado, de Uruguaiana.

Ao conferir o que significava o aumento de 10,9% pago em folha suplementar, Belanise descobriu que, no seu caso, era de apenas um centavo. Indignada, ligou para a Secretaria da Fazenda em busca de explicações. Veio do Cpers a informação de que é isso mesmo:

– A explicação que obtive é de que, antes, como eu ganhava menos que o salário mínimo, o governo dava “um completivo” e uma parcela autônoma. Agora, com o aumento, alcancei o mínimo. Por isso, retiraram o completivo e a parcela autônoma.

A Secretaria da Fazenda confirma a explicação, mas salienta que Belanise possui uma segunda matrícula, em valor superior.

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