segunda-feira, 13 de junho de 2011



13 de junho de 2011 | N° 16728
PAULO SANT’ANA


Treinador blindado

Eu sinto pena da torcida do Grêmio. Mandá-la para a frente da televisão para ver São Paulo x Grêmio é uma perversidade.

Não há sequer um avante de qualidade para ser escalado e não há nenhum outro para sentar no banco.

Como é que um clube da tradição do Grêmio inicia um campeonato nacional com essa pobreza técnica na sua constituição?

Antes do jogo de sábado, qualquer torcedor consciente – e acredito que dirigente também – já sabia qual seria o resultado: a mais total impossibilidade do Grêmio realizar um ataque bem-sucedido.

Não tem nada no ataque o Grêmio. Obrigou o Renato a erguer uma escalação inofensiva, emasculada, sem pretensões.

O Grêmio vai para dentro de campo conhecendo as suas limitações.

Uma tragédia.

Com o Internacional se dá exatamente o contrário: sobram valores ofensivos, tem esse Leandro Damião extraordinário, tem o excelente Zé Roberto, tem o destacado Oscar, tem Cavenaghi, tem Rafael Sóbis, tem Andrezinho, sobram jogadores.

E o Internacional também não tem conseguido com esse impressionante arsenal de jogadores formar um time digno de sua tradição.

Se o Renato Portaluppi dispusesse desses jogadores que o Internacional tem, seria campeão brasileiro.

Fenomenalmente, há gente importante na imprensa que tem o peito de dizer que os jogadores do Grêmio são melhores que os do Inter.

E não casualmente quem afirma isso são os mesmos que sempre foram críticos com os treinadores colorados, mas agora defendem ardorosamente Falcão, apesar de o time colorado ter chegado ontem à façanha elucidativa de cinco jogos no Beira-Rio sem vitória.

Então, essa relação dos treinadores com a imprensa não passa de um vínculo de simpatia: quando um comentarista se decide a apadrinhar um treinador, não há nada que o tire da obsessão de baba-ovos.

O Falcão deve ter méritos para chegar onde chegou: se não ganhar dez jogos seguidos no Beira-Rio, ainda assim encontrará na imprensa quem o defenda com unhas e dentes.

Nesse particular, a direção colorada acertou em contratar Falcão: com isso blindou seu treinador das críticas, o que é um grande passo para um trabalho tranquilo.

É possível que isso tudo termine com o Falcão se recuperando com a ajuda da anistia da imprensa.

Mas também pode acontecer de o barco afundar levando em seu interior os cronistas oficialistas, que não escaparão do desastre.

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